RESUMO
INTRODUÇÃOSegundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o envelhecimento da população está se acentuando: em 2000, a população brasileira com mais de 65 anos era de apenas 5%; estima-se que em 2050 será de 18%. Além disso, em 2050, estima-se que a expectativa de vida, ao nascimento, será de 81,3 anos (1) . O aumento da expectativa de vida da população ocasionou maior prevalência e incidência de doenças neurodegenerativas e, em especial, da doença de Alzheimer (DA), que é o tipo de demência mais frequente (2) . Um estudo brasileiro mostrou uma prevalência de demên-cia de 1,3% dos 65 aos 69 anos, que eleva-se para 36,9% nas idades superiores à 84 anos. Entre os diagnósticos de demência mais frequentes, a DA representou 54,1% e DA associada à demência vascular, 14,4% (2) . A DA é uma doença degenerativa progressiva do sistema nervoso central que causa deterioração da memória e de pelo menos uma das seguintes funções cognitivas: orientação, linguagem, praxia, atenção, percepção visual e funções executivas (3) . Seu diagnóstico se baseia no quadro clínico e na exclusão de outras causas de demência por meio de exames laboratoriais e só pode ser confirmado por exames neuropatológicos. No entanto, os critérios estruturados para o diagnóstico clínico oferecem concordância com o diagnóstico neuropatológico de até 90% (3) . Assim, a avaliação clínica tem extrema importância para o diagnóstico precoce e, desta forma, a avaliação dos aspectos cognitivos é de grande valia.As apraxias são frequentemente descritas como manifestação das demências, inclusive da DA (4) . Alguns relatos de casos foram descritos em pacientes com apraxia verbal (5,6) e os estudos com maiores casuísticas se referem aos outros tipos de apraxia, como as apraxias de membros e ideatória (7) . A apraxia verbal foi descrita como um distúrbio que ocasiona prejuízo da capacidade para programar o posicionamento da musculatura da fala e de sequencializar os movimentos durante a produção voluntária de fonemas (8) . Este estudo é parte de uma dissertação de mestrado que mostrou que os pacientes com DA, independente do estágio da doença, apresentaram apraxia de fala, que progrediu com a evolução da demência (9) . Uma melhor caracterização das manifestações da apraxia verbal em indivíduos com DA poderá auxiliar na avaliação precoce dos transtornos de comunicação e no seguimento destes pacientes.