Diversos estudos têm sido feitos com o objetivo de substituir o clínquer por outros elementos que tornem o cimento mais sustentável, com a redução das emissões de CO2 e do consumo de energia utilizando materiais cimentícios suplementares. Os resíduos provenientes de fábrica de celulose, a lama de cal, o lodo orgânico da estação de tratamento de efluentes, o resíduo celulósico e a cinza de caldeira (cinza volante), têm sido estudados como alternativas de materiais cimentícios suplementares. Este trabalho avaliou o potencial do uso da lama de cal e da cinza volante, provenientes de resíduos de celulose da Amazônia, para uso em materiais cimentícios, usando técnicas de caracterização para essa finalidade. A cinza volante, em estudo, é constituída por quartzo (SiO2), calcita (CaCO3) e bassanita (CaSO4.1/2H2O), enquanto que na lama de cal, em estudo, predomina a calcita. A composição química da cinza volante apresentou uma alta concentração de SiO2 (32,66%), e óxidos importantes no processo para obtenção de materiais cimentícios, como Al2O3 (14,99%), Fe2O3 (6,38%) e CaO (15,52%), cuja somatória desses óxidos é igual a 54,03%, portanto, superior a 50% comprovando o potencial pozolânico da cinza volante. A lama de cal mostra teor maioritário de CaO (48,80%) e elevada perda ao fogo (41,51%). A cinza volante pode ser considerada material pozolânico, pois seu índice de atividade pozolânica alcançou 90%, enquanto que a lama de cal pode ser considerada material carbonático pois apresenta teor de carbonato de cálcio igual a 87,14%. A cinza volante apresenta massa específica igual a 2,59 g/cm3, enquanto a da lama de cal é igual a 2,68 g/cm3.Esses materiais sofrem diversos eventos térmicos das fases observadas por DRX sendo principalmente a decomposição de carbonatos e sulfatos para fases estáveis de cálcio. Analisando-se os resultados dos estudos, pode-se inferir que os materiais apresentam potencial para uso como adições minerais para misturas cimentícias.