Encravada no meio do sertão piauiense, a Fábrica de Manteiga e Queijo das Fazendas Nacionais do Piauí, localizada no atual município de Campinas do Piauí, foi a primeira no ramo de laticínios do Nordeste e a segunda do Brasil, configurando-se como um marco da industrialização nacional. O objetivo deste artigo é evidenciar, sob o viés da Arqueologia Histórica e da Arqueologia Industrial, essa antiga edificação como um artefato remanescente da industrialização brasileira, que se mantém persistente na memória social da população local. Observou-se que até hoje a fábrica continua sendo reconhecida como uma referência para a cidade de Campinas do Piauí, outrora localidade Campos, considerando que a ocupação humana da área se deu no entorno da edificação fabril, estando intimamente ligada à instalação, ápice e declínio desta. A relação construída entre a comunidade campinense e a edificação mostra-se como uma trama que envolve memórias individuais e coletivas, acontecimentos e um lugar. Assim, a antiga fábrica é elemento participante da vida cotidiana local, que estabelece uma constante conexão entre o passado e o presente.