“…p. 29) "cria uma atmosfera de concentração e determinação, nos habilitando a mergulhar em um profundo transe".Além disso, a palavra que sai das nossas bocas (durante as rezas, as cantigas, as consultas oraculares) também merece destaque, pois a oralidade é o que dá vida e base aos Candomblés, uma vez que "os seres humanos se projetam na fala (são o que dizem), construindo nela suas crenças, saberes e práticas de terreiro"(ADAD, 2018, p. 31). A esse respeito,Leite (1996, p. 106) conclui que "a palavra falada é dotada de origem divina, sua condição vital garante o estatuto do poder criador como um todo, transmitindo vitalidade e desvendando interdependências", sendo dado a ela, então, o status de dinâmica, articulada, transformadora e mantenedora da tradição viva de terreiro(PINHEIRO, 2017).A exemplo de algumas das nossas atribuições corpóreas enquanto candomblecistas, respeitando-se o tempo de iniciado e a senioridade de cada um, eu diria que atuamos "[n]uma palavra pra poder passar pra pessoa [...]" (excerto 5, linhas 39-40), "no ebó, no banho de ervas [...]" (excerto 5, linha 48), etc. Essa visão de Mãe Simone, fruto de nossas interações, projeta no movimento do corpo um potencial de acolhimento, no sentido de trabalharmos para"ver o bem do próximo [...]" (excerto 5, linha 70) com nossas práticas comunitárias de terreiro.…”