Um dos principais desafios para a gestão das águas na atualidade diz respeito à relação inversa entre o aumento da demanda e a redução da disponibilidade do recurso. Nesse sentido, deverão ser adotadas medidas, por parte do poder público, capazes de enfrentar os desafios existentes e fomentar a busca por fontes alternativas de água. Com base nisso, o presente artigo tem como objetivo discutir o potencial de reúso de água a partir de efluente tratado, em Minas Gerais, para atendimento às demandas, com foco na quantidade disponível e necessária. Para tanto, o artigo percorreu três etapas, em que foram avaliadas a disponibilidade de efluente para reúso em cenários atual e futuro, a demanda total por água nas bacias hidrográficas do estado e a razão entre a disponibilidade de efluente de esgoto doméstico para reúso e a demanda existente regionalmente. Em todas as etapas, analisaram-se dados quantitativos de instituições reguladoras, representados por mapas de síntese dos cenários. Os resultados revelaram que Minas Gerais trata somente 43,7% do total de esgoto gerado, cujos maiores indicadores estiveram concentrados nas bacias dos rios das Velhas (SF5), Paraopeba (SF3) e Araguari (PN1), regiões mais populosas do estado. Das bacias citadas, apenas Velhas e Araguari possuem capacidade de tratar acima de 50% do esgoto gerado, o que explicita a dificuldade de atender as metas de universalização do tratamento. Do ponto de vista da demanda pelo uso da água, as bacias da região central do estado se destacaram pelos montantes captados para abastecimento público, enquanto as bacias do Triângulo Mineiro e Noroeste se destacaram os usos agropecuários, com até 96% do total captado. Isso revela importante polo regional para incentivo ao reúso de água, tendo em vista as exigências dos padrões de qualidade e o potencial do volume de esgoto tratado para atender até 54% dos usos agrícolas.