RESUMO Objetivo: Avaliar o perfil dos pacientes com transtornos alimentares (TAs) atendidos por um serviço especializado e investigar os fatores associados ao desfecho do tratamento. Métodos: Estudo retrospectivo, realizado com dados de pacientes com TAs que fizeram seguimento em um serviço especializado, desde a sua criação, em 1982, até 2019. Foram coletadas informações, nos prontuários médicos, referentes ao primeiro atendimento, de natureza sociodemográfica, clínica e antropométrica, e ao desfecho do tratamento. Resultados: Foram incluídos 271 pacientes. A amostra foi predominantemente do sexo feminino (89,7%), com idade média de 21,5 ± 9 anos, sem companheiro (86,9%) e diagnóstico de anorexia nervosa (AN) (65,7%), e o índice de massa corporal mais frequente foi de magreza (53,9%). A metade dos indivíduos tinha comorbidades psiquiátricas (50,6%), e 88,5% dos pacientes (n = 100) dos 113 prontuários com essa informação realizaram tratamento anterior. O tempo médio de tratamento foi de 2,16 ± 3,25 anos (1 mês a 40 anos). O abandono foi o desfecho terapêutico mais prevalente na amostra (68,3%). O maior tempo de tratamento e a realização de tratamento anterior reduziram a taxa de abandono, de forma significativa (p = 0,0001 e p = 0,0101, respectivamente). Para os pacientes com diagnóstico de transtorno de personalidade, a média de encaminhamento/inassistência foi 4,47 vezes maior (p = 0,0003). Conclusões: O perfil dos pacientes foi composto por mulheres adultas jovens, estudantes, sem companheiro, com AN, magreza e comorbidades psiquiátricas. A taxa de abandono foi elevada, e os fatores associados foram o tempo de tratamento e a realização de tratamento anterior. Além disso, transtornos de personalidade foram associados a encaminhamento para outro serviço e alta por inassistência.