RESUMO-Relatamos um caso de síndrome serotoninérgica pelo uso de inibidor da recaptação da serotonina, a paroxetina. Tal síndrome por esta droga, sem combinações, ainda não tinha sido descrita na literatura.PALAVRAS-CHAVE: síndrome serotoninérgica, paroxetina, mioclonia.Serotonin syndrome associated to the use of paroxetine: case report ABSTRACT-We report on a case of serotonin syndrome associated to the use of the paroxetine, a serotonin reuptake inhibitor drug. Serotonin syndrome related to this drug not combined with other drugs had not yet been described in literature.KEY-WORDS: serotonin syndrome, paroxetine, myoclonus.O uso de antidepressivos do tipo inibidor da recaptação da serotonina tem aumentado nos últimos anos em neurologia e psiquiatria. Como são drogas de introdução recente, pouco se sabe de seus efeitos secundários precoces e tardios. Relatamos um efeito colateral imediato dessas drogas, a síndrome serotoninérgica (ST).
RELATO DO CASOMRA, 19 anos, sexo feminino, procurou auxílio médico com sintomas compatíveis com cefaléia tipo tensão episódica e quadro depressivo, com duração de aproximadamente um ano. O exame neurológico era normal. A tomografia computadorizada de crânio, foi normal. Iniciou-se o uso de paroxetina (Aropax) na dose diária de 10 mg , reajustada para 20 mg, 5 dias após o início do tratamento. A partir deste dia, a paciente apresentou quadro abrupto de sudorese fria, hipertemia (38ºC), hipotensão arterial, diaforese, palidez, sensações parestésicas pelo corpo, agitação psicomotora. Este quadro se acompanhava de contrações musculares mioclônicas abruptas e generalizadas nos membros superiores e inferiores, axiais e da face, com predomínio do hemicorpo direito. A paciente permaneceu internada por 48 horas, tendo sido suspensa a paroxetina e iniciado o uso de diazepan, 10 mg diárias, com melhoria das mioclonias generalizadas. Após três dias a paciente foi avaliada por nós e observamos persistência de episódios de mioclonias focais na hemiface direita e por vezes no membro inferior direito, levando-a a cair. A paciente relatava não estar fazendo uso de alimentos contendo triptofano. Os episódios de mioclonias chegavam a durar 10 minutos. Administramos clonazepan (Rivotril), 0, 75 mg por dia, com melhora gradual dos episódios mioclônicos ao longo de 45 dias seguintes. Um eletrencefalograma (EEG) realizado neste período foi normal.Residência de Neurologia do Hospital Governador Celso Ramos, Florianópolis, SC: *Preceptor; **Residente. Aceite: 25-junho-1999.Dr. Luís Otávio Cavallazzi -Rua Barão de Batovi 546 -88015-340 Florianópolis SC -Brasil.