Tuberculose e diabetes: associação com características sociodemográficas e de diagnóstico e tratamento. Brasil, 2007-2011

Abstract

RESUMO: Introdução: A comorbidade tuberculose e diabetes ainda continua um desafio para a saúde pública mundial. Objetivo: Analisar o perfil sociodemográfico e as características do diagnóstico e tratamento dos casos de tuberculose com e sem diabetes no Brasil. Métodos: Estudo transversal, com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação e do Sistema de Gestão Clínica de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus da Atenção Básica, no período de 2007 a 2011. Modelo de regressão de Poisson com variância robusta foi utilizado para estimar a razão de prevalência (RP) e seus respectivos intervalos de confiança. Resultados: A comorbidade estudada foi encontrada em 7,2% dos casos. Modelo hierárquico mostrou maior RP entre indivíduos do sexo feminino (RP = 1,31; intervalo de confiança de 95% - IC95% 1,27 - 1,35); maior associação nas faixas etárias 40-59 anos e ≥ 60 anos (RP = 11,70; IC95% 10,21 - 13,39 e RP = 17,49; IC95% 15,26-20,05) e com resultado positivo da baciloscopia - primeira amostra (RP = 1,40; IC95% 1,35 - 1,47). Reingresso após abandono e abandono foram inversamente associados na comorbidade (RP = 0,66; IC95% 0,57 - 0,76 e RP = 0,79; IC95% 0,72 - 0,87). Conclusão: Os achados, como a relação inversa do abandono ao tratamento da tuberculose no grupo das pessoas com comorbidade, reforçam a importância de ações integradas nos serviços para mudar o cenário dessa desafiadora comorbidade.

Caracterização clínico-epidemiológica da comorbidade tuberculose/diabetes mellitus: revisão integrativa

“…Sobre o cenário dos estudos, destaca-se que seis foram realizados no Brasil [16][17][18][19][20][21] , três no México [22][23][24] e os outros na Índia 24 , Etiópia 26 , Espanha 27 , China 28 , Chile 29 e Turquia 30 , apenas um analisou estimativas de diversos países 31 .…”

“…A prevalência da TB entre os pacientes com DM foi maior do que na população em geral 18,26,31 e um estudo apontou que os pacientes com DM apresentaram mais chance de ter TB 18 . Em se tratando de características sociodemográficas dos casos, a comorbidade esteve associada com a idade avançada [16][17][18][19][20][21][22][24][25][26][27]30 , sexo feminino 16-18, 24-26, 29 e renda familiar baixa 18,25 .…”

“…Em relação aos aspectos clínicos, pacientes comórbidos apresentaram maior gravidade nos sintomas do que aqueles sem DM, sendo mais frequentes: tosse, expectoração, hemoptise, febre, fadiga, sudorese noturna, fraqueza, diarreia, cefaleia, dores nas pernas e mal-estar 18,19 . Além disso, tiveram maior chance de apresentar padrões cavitários no raio X de tórax, baciloscopia positiva 17,19,21,22,[27][28]30 , atraso na conversão do escarro [19][20][21][22] , falha no tratamento 16,24,26 e maior chance de desenvolver tuberculose multirresistente (TBMR) 16 .…”

“…Nesta revisão, a maioria dos estudos apontaram que a idade avançada estava associada à comorbidade TB/DM [16][17][18][19][20][21][22][24][25][26][27]29 , possivelmente deve-se ao fato de que ocorre um declínio no estado imunológico e alterações fisiológicas com avanço da idade, o que favorece tanto os agravos por doenças crônicas não transmissíveis, como por doenças infecciosas 34 . Alterações da função pulmonar e no clearance mucociliar em pessoas de idade avançada podem favorecer uma reativação do bacilo de Koch que associada à imunossupressão causada pelo DM contribui no desenvolvimento da lesão tuberculosa 35 .…”

Aspectos epidemiológicos da tuberculose no Município de Caxias, do Estado do Maranhão

“…Outro fator que influencia diretamente a doença ou o seu aparecimento é a Diabetes Mellitus (DM), onde pessoas que já tem a comorbidades apresentam mais chances de desenvolverem um quadro de TB no futuro (Soares et al, 2020). Não existe um consenso na literatura, porém, é sabido que a DM pode piorar os sintomas apresentados ou até mesmo se ligar a casos de recidivas de TB (Abreu, Rolim, Sousa, & Oliveira, 2020).…”