Este artigo propõe uma reflexão sobre as tensões e ambiguidades presentes na (re)construção da memória social e nas diferentes visões da história, em torno das quais se constroem futuros para o passado português. Em particular, analisámos as narrativas de 145 estudantes do ensino secundário em Portugal sobre a história do país. O 25 de Abril foi o principal marco histórico mencionado com referências ao fim do regime ditatorial, à luta pela liberdade e pela igualdade de oportunidades. Porém, não foram mencionadas as lutas pela libertação nacional dos povos outrora colonizados. Emergiram também reafirmações do passado glorioso e expansionista dos “Descobrimentos”, mitos historiográficos e invariantes culturais sobre o que significa “ser português”. Com isso, discute-se a importância de uma educação crítica e da descolonização da história, para que futuros alternativos possam emergir dissociados de valores de dominação.