Mudanças na pirâmide populacional, mostrando o aumento do número de idosos indicam a necessidade de se diagnosticar, prevenir e tratar causas de comprometimento cognitivo prevalentes no envelhecimento, que comprometem a independência e inserção social desses indivíduos. O primeiro passo nesse sentido é compreender sinais e sintomas, nos seus aspectos neurobiológicos e comportamentais e, no que diz respeito à linguagem, sua interação com outros declínios na esfera cognitiva. Nosso objetivo é revisar a literatura recente sobre a linguagem na doença de Alzheimer (DA) e, particularmente, estudos com população brasileira, destacando sua contribuição ao conhecimento sobre a doença.Pelos critérios do DSM IV (APA, 1994), considera-se dementes os indivíduos que evidenciam deterioração cognitiva particularmente da memória, a qual afeta as atividades da vida cotidiana. A DA se insere entre os quadros progressivos irreversíveis, cujo declínio cognitivo tem bases estruturais, com tempo de evolução variável, sendo a sobrevida, em média, de 8 anos após o início dos sintomas (Caramelli, 1998). Corresponde a mais de 50% dos casos de demência (Ebly, Parhad, Hogan & Fung, 1994;Herrera, Caramelli, Silveira & Nitrini, 2002) e sua prevalência pode atingir 26% entre indivíduos com idades acima de 84 anos (Canadian Study of Health and Aging Working Group, 1994). Nitrini e cols. (2002), revendo a literatura sobre a prevalência da demência no exterior e apresentando estudo realizado em nosso país, constataram que o aumento da idade
Universidade de São PauloResumo O quadro clínico da doença de Alzheimer define-se por alterações cognitivas. Entre elas, a linguagem tem sido objeto freqüente de estudos, e embora exista consenso sobre a prevalência de alterações no âmbito semântico e a evolução dos sintomas lingüísticos, ainda não foi possível esclarecer a natureza de determinadas alterações. Estudos recentes têm acrescentado dados ao conhecimento clássico sobre as perdas específicas da linguagem e de outros aspectos cognitivos que com ela interagem, como é o caso das alterações no âmbito da memória operacional. Nosso objetivo é revisar a literatura recente sobre a linguagem na doença de Alzheimer e, particularmente, estudos com população brasileira, destacando sua contribuição ao conhecimento sobre a doença. Palavras-chave: Comunicação; linguagem; cognição; memória; Doença de Alzheimer.
Language and Cognition in Alzheimer´s Disease AbstractClinically, Alzheimer´s disease is defined by cognitive changes. Among them, language has frequently been the focus of studies and although there is a consensus about the prevalence of semantic alterations and about the evolution of linguistic symptoms, it has still not yet been possible to clarify the nature of certain alterations. Recent studies have added data to the classic knowledge about loss of cognitive abilities and its interaction with language, as is the case of alterations in working memory. Our objective is to revise and update the literature about language in Alzheimer´s disease and, particu...