adversidade no trabalho, onde podemos enquadrar o desemprego, pode desafiar a vida pessoal e relacional dos indivíduos. No presente estudo transversal, analisámos a adaptação pessoal (sintomatologia psicopatológica e qualidade de vida), relacional (ajustamento diádico) e resiliência individual no contexto de desemprego. A amostra foi constituída por conveniência e incluiu 15 casais em que um dos elementos estava desempregado e 22 casais, com ambos os elementos empregados. O protocolo de avaliação incluiu os seguintes instrumentos: Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI); Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde -WHOQOL-Bref; a Escala de Ajustamento Diádico -Revista (EAD-R) e a Connor-Davidson -Escala de Resiliência (CD-RISC). Os resultados encontrados sugerem que os participantes desempregados atribuem uma maior importância à relação do que os seus parceiros. A resiliência do desempregado mostrou-se associada a menor sintomatologia psicopatológica, a melhor perceção de QdV e a melhor ajustamento diádico. O presente estudo exploratório permitiu contribuir para conhecer melhor a adaptação individual e conjugal ao desemprego, sobretudo devido à escassez de estudos nesta área, deixando ainda pistas futuras de investigação.
Palavras-chave:
INTRODUÇÃOO desemprego é um fenómeno muito atual, acarretando consequências nos âmbitos económico e social, bem como na qualidade de vida individual e do casal. Os dados mais recentes relativos ao quarto trimestre de 2010 indicam-nos que a taxa total de desemprego em Portugal se situou nos 11.1% (10.1% para os homens e 12.3% para as mulheres), sendo a faixa etária dos 15 aos 44 anos a mais atingida (Instituto Nacional de Estatística [INE], 2011). Depreende-se, por isso, que muitos casais e famílias estejam atualmente a ser afetados por este contexto potencialmente adverso.No contexto familiar e, nomeadamente no âmbito de uma relação diádica, cada elemento influencia e é influenciado pelo outro. Viver em família implica, pois, uma adaptação progressiva (Vaz Serra, 2007), quer individual quer à relação. Perante as exigências do trabalho e da vida em geral, parece ser cada vez mais difícil conciliar o trabalho com a família e encontrar um equilíbrio que não comprometa estas diferentes adaptações.
3A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: