A evidente associação entre o Papilomavirus humano (HPV) e as lesões pré-invasoras e invasoras do colo de útero tem motivado muitos estudos. Assim, hoje se sabe que o tipo 16 é o mais prevalente em todo o mundo 1 , independentemente da gravidade da lesão escamosa, e, de maneira geral, os HPV identificados como de alto risco estão presentes em mulheres imunocompetentes em cerca de 20% dos quadros histológicos negativos, em 70% dos casos de lesões intra-epiteliais escamosas de baixo grau (LSIL), em mais de 90% das lesões intra-epiteliais escamosas de alto grau (HSIL) e em mais de 95% dos casos de carcinoma escamoso 2,3,4 .O mecanismo pelo qual o HPV de alto risco influi no ciclo celular, levando a sua desregulacão e progressão da lesão, inclui fatores inerentes ao vírus e à sua inter-relação com a célula hospedeira. Tais interferências no metabolismo celular poderão causar modificações, promovendo o aparecimento de biomarcadores que, uma vez identificados, serviriam para orientar o prognóstico de evolução da doença. Assim, a persistência de vírus de alto risco 5 , alta carga viral 2, 6-15 , persistente alta carga viral 16,17,18 , expressão do marcador de proliferação MIB-1 19 e, finalmente, a expressão do marcador de supressão tumoral p16 INK4a 4,20,21 , estão sendo apontados como prováveis marcadores de diagnóstico de lesões escamosas de alto grau e de seu prognóstico. Vários pesquisadores defendem a idéia de que a alta carga viral de HPV de alto risco teria uma importante relação com lesões intraepiteliais escamosas e sua maior gravidade 6,7,8,10,12,15,18,22 . Outros pesquisadores enfatizam a importância da persistência da alta carga viral por longo tempo, e não simplesmente uma medida isolada, assim como só teria valor a alta carga viral do HPV tipo 16, sem considerar os demais tipos 2,3,9,13,14,16,17 . Por outro lado, alguns pesquisadores discordam deste fato por não haver uma relação suficientemente clara entre intensidade e persistência da carga viral do HPV de alto risco e gravidade da lesão epitelial do colo uterino. Afirmam que os achados não são suficientes para utilizá-los como parâmetro útil na predição do diagnóstico morfológico e do prognóstico 23, 24 , mesmo considerando-se apenas o HPV 16 5 .
ASSOCIAÇÃONa prática clínica, tem sido defendido o uso de kits de detecção de HPV de alto risco utilizando-se sondas para 13 tipos diferentes de HPV, e não simplesmente o HPV 16 25 . Parece que o teste de captura híbrida de 2 a geração (ch2) daria uma estimativa de carga viral global, de forma que mulheres com mais baixa carga viral seriam mais propensas a eliminar espontaneamente o vírus, enquanto altos níveis dos vírus se associam com a persistência 15 .Ao mesmo tempo, a proteína de supressão tumoral p16 INK4a tem sido estudada em casos de lesões escamosas do colo uterino, mostrando uma boa concordância com lesões de maior gravidade
Artigo OriginalRev Assoc Med Bras 2007; 53(6): 530-5