Neste estudo, analisamos o processo articulatório da construção nominal corpo real, composta por nome núcleo (corpo) + convergente (real). De modo específico, abordamos essa construção como formação nominal (FN), a fim de demonstrarmos em que medida tal FN, por meio das direções argumentativas, oferece-se como ancoragem para produção e atualização dos efeitos de sentidos, nos enunciados de que participa, tendo em vista o processo de reescrituração. Essa abordagem apresenta como fundamento os pressupostos teóricos da semântica da enunciação, desenvolvidos por Guimarães (2002, 2018) e por Dias (2013a, 2013b, 2018). Como resultado notamos, por meio de uma análise linguística, ancorada em aspectos sócio-históricos, que o corpo da mulher contemporânea está em constante disputa pelo direito de ser, uma vez que, assim como há mulheres que lutam pelo corpo magro, outras se propõem saudáveis e definidas e outras, ainda, tentam se mostrar satisfeitas com o padrão que, geneticamente, lhes pertence, ou seja, com um corpo real. Diante desse fato, tomamos o corpo feminino como resultado de sentidos enunciativamente produzidos.
Palavras-chave: Semântica da enunciação. Formação nominal. Corpo feminino. Reescrituração. Direções argumentativas.