Este artigo se ocupa do método de L. Strauss de leitura dos diálogos de Platão. Nele, além de interpretarmos, sistematizamos e ordenamos em princípios a forma difusa e ensaística pela qual Strauss trouxe a público na obra A Cidade e o Homem, (1964), o seu procedimento hermenêutico de leitura dos textos de Platão. Os princípios em questão podem ser expressos em duas chaves principais: i) a dimensão irônica-dissimulatória, que Strauss assere ser a chave para abordarmos e entendermos a trama e as conversações com as quais nos deparamos nos diálogos; e ii) a dimensão dramática-cômica, que nos habilitaria a compreender corretamente a própria mensagem (os argumentos, as testes e conclusões) transmitida pelos textos. Outrossim, de tais princípios, segue a tese de Strauss, a despeito da questão da aproximação dialogal, de que podemos atribuir a Platão certas ideias ou doutrinas, desde que o leiamos pela abordagem e procedimento adequados.