Uma Análise dos Escritórios de Contabilidade sobre a Necessidade de Aplicação das IFRS para Pequenas e Médias Empresas

Abstract

ResumoO estudo tem por objetivo pesquisar quais serviços contábeis estão sendo ofertados pelos profissionais da área contábil que atendem as pequenas e médias empresas. Especificamente, busca-se saber qual o grau de utilização das normas internacionais de contabilidade para pequenas e médias empresas "IFRS for SME" no Brasil adotada pela Norma Brasileira de Contabilidade Técnica 19.41. Foram entrevistados 32 escritórios de contabilidade na cidade do Recife-PE. O estudo tem seu foco no conhecimento, utilização e aplicabilidade das Normas Internacionais de contabilidade para pequenas e médias empresas. Os resultados apontam que ainda não existe a utilização das normas e que alguns profissionais não têm conhecimento das mudanças geradas pelo processo da convergência contábil. O estudo ainda revela que a maioria dos profissionais de contabilidade não vê necessidade de adoção das normas internacionais de contabilidade para as PMEs.

Aplicação das IFRS para pequenas e médias empresas na perspectiva dos prestadores de serviços contábeis

“…Esse resultado também foi verificado no estudo de Faria e Silva (2014) e pode ser considerado como um potencial tema a ser trabalhado em cursos de capacitação de profissionais que atuam na contabilidade das PMEs. Esse descumprimento se dá inclusive na tratativa dos estoques, que caso estiverem desvalorizados, devem ter seu valor contábil reduzido para o seu preço de venda menos os custos para completar e vender, demonstrando que apesar de realizarem treinamentos, os profissionais não têm conhecimento suficiente das mudanças geradas pelo processo da convergência contábil conforme salientado por Alves et al (2013).Outro ponto que pode ser aqui levantado é a questão de resistência à implantação das IFRSs como argumentado por Quagli e Paoloni (2012).…”

“…As respostas são apresentadas na Tabela 8. Alves et al (2013) identificaram que na situação dos escritórios contábeis de Recife-PE, a situação não é diferente, visto que uma grande quantidade das informações que poderiam ser geradas pelos escritórios não é solicitada pelos clientes. De acordo com os autores, a maioria das informações solicitadas é para atender usuários externos, como os bancos e o governo com a elaboração das demonstrações anuais obrigatórias.…”

A adoção do CPC PME é fonte de legitimidade organizacional? Análise sob a perspectiva da teoria institucional

“…A importância da contabilidade para as PMEs está, principalmente, em atender as necessidades de informações de usuários externos como instituições financeiras, para fins legais e burocráticos (Alves et al, 2013, Guanandy, & Almeida, 2017, Santos, 2013, Correr et al, 2015, Prado et al, 2011, Santos, 2013, Souza, 2015. Como consequência, as PMEs consideram que a contabilidade não é útil e provoca um desinteresse pela adesão às IFRS (Alves et al, 2013, Figueiredo et al, 2016, Gonzáles & Nagai, 2013, Neves, & Lorandi, 2014, Pinto et al, 2015, Souza, 2015. Os contadores, por sua vez, justificam que os altos custos de adesão e a necessidade de dedicar tempo às obrigações acessórias são empecilhos à percepção dos benefícios do CPC PME (Neves, & Lorandi, 2014, Prado et al, 2011, Santos, 2013, Souza, 2015.…”

“…As organizações podem ser resistentes às influências institucionais quando seus interesses são ambíguos, impedindo que as estruturas se legitimem (Espejo, Frezatti, Cruz, & Costa, 2010). Esta condição pode ser encontrada na adoção ao CPC PME, que, apesar de recorrer a um mecanismo coercitivo, é insuficientemente atendido pelas PMEs (Alves, Miranda, Meira, & Callado, 2013, Dalla Riva, & Salotti, 2015, Gonzáles, & Nagai, 2013. Isto denota que no ambiente social existem grupos institucionais que divergem quantos aos seus interesses (Suchman, 1995).…”

“…Ainda que pesquisas tenham investigado o nível de adesão e compreensão (Alves et al, 2013, Dalla Riva & Salotti, 2015, Gonzáles, & Nagai, 2013, Guanandy, & Almeida, 2017, Neves, & Lorandi, 2014, Pedroza, 2013, Prado, Teixeira, Bernardino & Lemes, 2011 e o processo de institucionalização e as dificuldades inerentes ao atendimento do CPC PME (Correr, Espejo e Altoé, 2015, Favarin, 2012, Figueiredo et al, 2016, Medina, 2015, Pinto et al, 2015, Santos, 2013, Souza, 2015, são ausentes estudos que discutem a legitimidade organizacional das PMEs por meio das IFRS. Considerando que a adesão ao CPC PME é percebida por profissionais contábeis e empreendedores como insuficiente ou incompatível às necessidades dos usuários e que a convergência às normas internacionais de contabilidade é um processo irreversível, surge a questão: Como os mecanismos de institucionalização do CPC PME e as respectivas resistências podem ser relacionados com a busca por legitimação das PMEs?…”