RESUMOOs últimos anos testemunharam um aumento na entrada de migrantes africanos no Brasil e na América do Sul em geral. Senegaleses e ganeses representam dois dos maiores grupos desse novo movimento migratório. A literatura sugere ser o desenvolvimento de novos corredores de migração intercontinental sul-sul, por um lado, resultado do desenvolvimento econômico e geopolítico na região; por outro, as dificuldades para entrar na Europa conduzem os africanos a buscar alternativas e expandir seu horizonte migratório para outros continentes. As dimensões espaciais e temporais da migração tornam-se cada vez mais não lineares, e a distinção entre "país de trânsito" e "de destino" fica menos evidente no contexto de mudanças rápidas e transformações globais, o que torna difícil categorizar esses fluxos. Os imigrantes recentes no Brasil devem se adaptar às mudanças das condições durante a migração; eles precisam refletir constantemente sobre as circunstâncias que encontram, identificar novas oportunidades e obstáculos, e reagir a eles. Este artigo tem o intuito de compreender como os senegaleses e ganeses navegam por estruturas em mudança durante a migração para e dentro do Brasil. Os dados foram coletados a partir de pesquisa etnográfica com realização de observação participante e relatos orais de migrantes senegaleses e ganeses nas cidades de Caxias do Sul e Passo Fundo (RS) e Criciúma (SC), que reconstruíram suas trajetórias, a importância das redes sociais e os deslocamentos dos migrantes dentro do país, evidenciando suas estratégias migratórias no território.