A Universidade do Minho em tempos de pandemia (Re)Ações
I -INTRODUÇÃOA pandemia de COVID-19 teve um grande impacto na investigação científica, em particular nas ciências biomédicas, e sobretudo na forma como se comunicam e partilham os resultados de investigação. Este fenómeno não foi novo, pois já tinha ocorrido em emergências sanitárias passadas, como as relacionadas com o Ébola ou a Zika. Mas, dada a natureza global desta emergência, e o nível de risco percebido, o impacto da pandemia COVID-19 foi muito mais rápido e mais profundo que nas situações anteriores. Para além de uma grande concentração de esforços no estudo do vírus SARS-CoV-2, da doença COVID-19, e na investigação do seu tratamento e prevenção, a pandemia resultou também na adoção e generalização de práticas e ferramentas de ciência aberta. Desde os primeiros meses de 2020, os apelos das organizações de saúde e da comunidade científica para a partilha do conhecimento útil para a compreensão e o combate à pandemia foram acompanhados por inúmeras iniciativas de partilha de dados e acesso aberto a publicações, por parte da comunidade académica, mas também de editores e revistas, que disponibilizaram, temporariamente, os seus conteúdos relacionados com a COVID-19.Esta reação à pandemia comprova, mais uma vez, o que os defensores da ciência aberta têm vindo a repetir, com sucesso limitado, há cerca de duas décadas: a investigação realizada de modo aberto, colaborativo e transparente, facilitando a partilha e a comunicação dos processos e resultados (dados, publicações e outros), é a forma mais eficiente de promover o avanço da ciência e a geração de novo conhecimento, maximizando o retorno do investimento que as nossas sociedades realizam no sistema científico. No entanto, apesar de ter vindo a ser promovida por governos, decisores políticos e entidades financiadoras de todo o mundo, esta forma de fazer investigação é muito diferente das práticas hoje predominantes, que se estabeleceram nos últimos 60 anos.Aliás, uma outra consequência da pandemia, foi que, tal como em muitas outras áreas das nossas sociedades, ela revelou ou tornou mais evidentes os problemas, limitações e disfuncionalidades associadas aos atuais processos de investigação, comunicação e avaliação do trabalho científico e académico.