Uso Turístico no Parque Estadual da Costa do Sol (RJ, Brasil): Uma leitura sobre desafios e potencialidades

Abstract

A instituição de áreas protegidas representa uma das principais estratégias globais para a conservação da biodiversidade, o equilíbrio climático e a prevenção de futuras crises sanitárias e ecológicas. Nesse contexto, os parques têm relevância central, sobretudo no Brasil, país de dimensões continentais e líder em megadiversidade biológica. Segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, principal dispositivo legal no país com esse objetivo, a gestão dessas áreas visa, além da própria proteção da natureza, o desenvolvimento de pesquisas e a realização de atividades de turismo ecológico e de educação ambiental. Tendo esses antecedentes como ponto de partida, o objetivo deste artigo é interpretar, criticamente, os desafios relacionados ao uso turístico no Parque Estadual da Costa do Sol (PECS), situado na zona costeira do Estado do Rio de Janeiro. Para tal, a pesquisa qualitativa foi baseada em levantamento bibliográfico e documental, mas também, em observação direta durante as reuniões do Conselho Consultivo e da Câmara Temática de Uso Público do PECS. No período de junho de 2016 a março de 2020, a pesquisa em campo possibilitou a identificação de quinze temas recorrentes com relação ao uso turístico no parque, sistematizados em quatro eixos analíticos associados à complexidade da configuração territorial, ao contexto econômico regional, às dinâmicas sociais e culturais do entorno e, à própria condição de infraestrutura disponível nessa área protegida. A partir dos resultados obtidos é possível afirmar que, embora haja inúmeras potencialidades para tal, o uso turístico no PECS ocorre ainda de maneira desordenada e conflitiva, sendo esse um tema secundário no plano das prioridades de planejamento e gestão da área protegida.

Arranjos locais para o lazer de base comunitária: regiões litorâneas do Rio de Janeiro e do Paraná como laboratórios vivos de análise

“…Isso porque, o compromisso de participação social na conservação da biodiversidade e de construção de canais dialógicos e laços de confiança entre o órgão gestor e as comunidades do entorno vem sendo desconsiderado, acarretando, frequentemente, a centralização das decisões, conforme discutido por muitos autores, como Irving, Corrêa e Zarattini (2013), entre outros. Diante dessa dinâmica, o uso público e a apropriação social das áreas naturais protegidas, em suas diversas possibilidades de vivências espirituais, culturais e pedagógicas, vêm sendo discutidos como vias potenciais para a conservação da biodiversidade, mas, também, para a sensibilização da sociedade para o sentido de pertencimento à natureza (VALLEJO, 2015;IRVING, 2019;NASRI et al, 2021). Por outro lado, tem sido recorrente, no processo, a disputa de narrativas e tentativas reiteradas de cooptação e desvio dos significados de "público" (RODRIGUES; IRVING, 2015), visando transformar a visitação e o lazer em UCs em mais um segmento de mercado, segundo um viés de economia da conservação.…”

O destino turístico Petrópolis (RJ) na percepção do ecoturista da Travessia Petrópolis – Teresópolis (PARNASO)

“…Os parques nacionais integram o grupo das UC de Proteção Integral, que visam preservar a natureza, com o uso indireto dos recursos naturais, mas sendo destinadas também ao uso público, ou seja, a visitação e assim o uso turístico. O turismo em parques é exprimido como um processo de experimentações in loco, de vivências que podem estimular a produção de novas subjetividades (NASRI et al, 2021). De acordo com Kadota, Haddad e Rabahy (2004), o ecoturismo é a modalidade do turismo exercida nos parques nacionais.…”