Resumo: O presente artigo, busca compreender o modo como sujeitos transexuais na busca de seus sentidos de saúde tencionam e questionam os dispositivos transexualizadores. Foi assim que, por meio de uma pesquisa de campo de viés etnográfico realizada junto a um Ambulatório Transexualizador localizado no Mato Grosso do Sul, à uma reunião entre o Fórum LGBT/MS e a Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), e uma entrevista realizada com uma mulher trans dona de uma casa de prostituição de Campo Grande, pudemos pensar tanto os mecanismos que restringem acessos, direitos e reconhecimento quanto as estratégias dos sujeitos trans para seu questionamento e subversão. Assim, a partir das observações e diálogos estabelecidos, foi possível perceber como as experiências trans, a partir do ponto de vista do saberpoder biomédico, ainda estão inseridas numa inteligibilidade cisgênera, binária e heteropatriarcal. Ao mesmo tempo, as microresistências forjadas por esses sujeitos no interior das tecnologias cisheteronormativas dão conta das instabilidades, precariedades e limites dos dispositivos disciplinadores contemporâneos, atribuindo sentidos de saúde que não se restringem à lógica dos processos transexualizadores.Palavras-chave: Transexualidade(s). Saúde. Microresistências. Mato Grosso do Sul.
INTRODUÇÃOMobilizadxs pelas provocações de Deleuze e Guattari (1996), que afirmam que a esquizoanálise (prática-teoria por eles inaugurada) incide apenas em linhamentos e na análise do desejo, questionando que linhas traçamos, remanejamos, interrompemos, prolongamos ou retomamos, propomos aqui que a análise das relações, tensionamentos