Esse artigo é fruto de uma pesquisa bibliográfica cujo objetivo foi o de refletir e analisar as correlações apresentadas no plano discursivo, a partir de estudos etnográficos e produções antropológicas, entre a Pombagira, a prostituição e as diferentes formas de feminino na Umbanda. Na primeira parte do artigo discute-se sobre a relação da entidade com o estereótipo da prostituta, as identificações e o papel que a Pombagira desempenha na vida das mulheres que se prostituem. A segunda parte do artigo aborda a imagem de mulher transgressora, independente e não submissa aos homens que está atrelada à entidade, debatendo sobre o enfrentamento desta às desigualdades de gênero e suas experimentações contrassexuais, em especial por meio de seus “filhos” LGBTs. Na terceira e última parte, discorre-se acerca das aproximações discursivas entre a Pombagira e Exú, abordando suas ambiguidades que borram binaridades generificadas. Por fim, considera-se imprescindível que análises sobre a entidade Pombagira estejam atentas às inúmeras possibilidades de um devir-minoritário, evitando assim episteminicídios cisheteronormativizantes.
Este artigo traz diálogos e questionamentos produzidos a partir de diferentes encontros e em diferentes momentos da atuação acadêmica dos autores. Para fins de análise, tomamos a experiência da loucura e dos processos de medicalização como um dispositivo de normalização da vida e nos baseamos em duas imagens-cena, uma etnográfica e outra cinematográfica, em face de nossa atuação como docentes nos Cursos de Ciências Sociais e Psicologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Ao longo de nosso percurso experimental, autores como Foucault, Deleuze e Guattari, pensadores da Reforma Psiquiátrica brasileira, da Subjetividade e do campo da Saúde Coletiva, serão os nossos inspiradores.
O presente dossiê temático é resultado de trocas e diálogos acadêmicos e afetivos estabelecidos em diferentes momentos entre nós, que vivemos em quatro contextos interioranos desse país de dimensões continentais. Como docentes de Universidades Federais localizadas nas regiões Nordeste (UFPI, UFRPE), Centro Oeste (UFGD) e Sul (UFPel), portanto, fora dos eixos metropolitanos das capitais, inquietamo-nos com as condições de invisibilidade de trabalhos, investigações e reflexões produzidas e conduzidas por inúmeros pesquisadores e pesquisadoras das mais diversas Instituições de Ensino Superior no interior desse Brasil profundo. Embora essa constatação não se refira a todos os campos de pesquisa, tal invisibilidade é patente quando se trata das discussões acadêmicas em torno das temáticas de gênero e sexualidades. Nesse sentido, este dossiê reuniu estudos e pesquisas sobre sexualidades dissidentes e as múltiplas expressões de gênero em contextos pouco visibilizados, tais como: cidades de pequeno e médio porte e/ou contextos rurais. O intuito foi discutir e refletir sobre as variadas formas de viver as identidades de gênero, práticas sexuais dissidentes, negociações e formas de resistência em contextos fora dos grandes centros urbanos.
Este artigo é o resultado de pesquisas e de diálogos sobre educação e direitos humanos entre os autores a partir de suas incursões pelos estudos de gênero e sexualidade. Todos os movimentos aqui delineados (no sentido deleuziano/guattariano para rizoma ) foram e são produzidos na tentativa de desconstruir a categoria de gênero, presente na legislação brasileira sobre a violência contra as mulheres - conhecida como Maria da Penha - n.11.340 / 2006. Assim, inspirados nas inovações desta lei, os autores questionam as possibilidades de experiências menos precárias possíveis, em especial, para os agentes sociais que são considerados para o/e pelo Estado como algo desprezível, como abjetos.
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