ResumoConsiderada ainda agente de socialização e mudança, a escola tem experimentado a violência. Neste trabalho, apresentam-se recomendações para eliminar ou amenizar o problema. Analisam-se resultados de estudos, por meio de pesquisa da literatura, focalizando-se o que dá certo em ações escolares para concretizar a adequada convivência. Algumas lógicas de ação são apresentadas: membros da escola se culpam mutuamente pelo fracasso escolar, silenciam a crítica construtiva e negligenciam a articulação entre informar formar. Conclui-se que a superação dessas lógicas pode contribuir para a solução da violência escolar. Assim, emergem possibilidades de ação por parte dos elaboradores e executores de currículos, educadores, gestores e formadores de mestres e professores. Além disso, conclui-se que, para superar a violência escolar, não dão certo os castigos corporais e as humilhações públicas, as rotulações e a intolerância; mas, dão certo, a escuta às vítimas, a aproximação entre pais e comunidade educativa, o fim da punição, o fim da culpabilização do outro. Palavras-chave: Convivência. Violência escolar. Lógicas de ação. Pedagogia. Diálogo.
IntroduçãoUma escola se constitui no encontro entre três amplas esferas de atuação: a sala de aula, enquanto microssistema; o projeto curricular, como um mesossistema; a administração escolar, enquanto um exossistema e, finalmente, a sociedade/valores/ cultura global, como um macrossistema (PESCADOR; DOMÍNGUEZ, 2001). Efetivamente, ela se situa na encruzilhada da educação de casa com a educação do mundo. É um agente de socialização e mudança. Contudo, exerce esse papel em meio à violência, podendo-se traduzir tal cenário indesejado como "violência da escola, na escola e contra a escola". Dessa maneira, no jogo de mútuas influências com o lado de fora, a escola tem deixado de ser uma instituição tão somente invadida pelo problema da violência para transformar-se numa máquina de sua reprodução. Frequentemente convertida num verdadeiro laboratório de violências, a escola pode ser representada como o lugar da interação entre a "casa" e a "rua", dois espaços sociais básicos capazes de prover uma leitura sui generis da estrutura sociocultural brasileira (DAMATTA, 2004). A rua, local do trabalho, do Estado e das leis, da subcidadania (ser sujeito à lei), contrasta com a casa, local da tranquilidade do lar, das tradições de família, da supercidadania (ser dono das normas inscritas nos corações). Como a escola lida frequentemente com as diferenças sociais e culturais e, atualmente, muito em função do aumento de oportunidades de acesso à escolarização, ela recepciona subjetividades e objetividades. Constitui-se no elo pulsante entre leis que governam a rua, as instituições, o espaço público em geral, e os hábitos de casa, onde está o coração de seus membros. Caso ela não saiba lidar com essa condição de espaço interativo, forjam-se potenciais de violência escolar.No Brasil, enquanto representações da estrutura sociocultural, a "casa" e a "rua" parecem andar distantes uma da outra. Com re...