Evolução dos homicídios e indicadores de segurança pública no Município de São Paulo entre 1996 a 2008: um estudo ecológico de séries temporaisHomicide and public security indicator trends in the city of São Paulo between 1996 and 2008: a time-series ecological study
Este artigo tem como objetivo central investigar as conexões e os distanciamentos entre a violência em meio escolar e a violência nos bairros de onde provém sua clientela. Procuraram-se identificar fatos que caracterizam a realidade escolar como também as representações sobre a violência. O estudo teve uma abordagem qualitativa, no qual foi utilizada a metodologia de estudo de caso. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas e observações das relações escolares. A escolha da escola esteve pautada em critérios socioeconômicos da população residente, na condição de violência no entorno e na situação de violência da própria escola. Os resultados obtidos indicam tanto a existência de manifestações de violência, próprias da realidade externa penetrando o interior das escolas, quanto o modo como essas representações interferem na conduta dos profissionais e agentes da educação. Essas representações têm por referência dois momentos. O primeiro em que relatos de acentuada violência estimulam sentimentos de medo e insegurança entre os atores da escola, impedindo ou dificultando a ação educativa. Um segundo momento, datado a partir da chegada de nova direção, no qual são percebidas tentativas de reversão desse quadro mediante adoção de disciplina rígida. Os efeitos dessa mudança revelam, por um lado, percepções quanto à redução da violência associada à realidade externa, em especial à presença do tráfico de drogas nas dependências da escola; por outro, evidenciam a produção de uma violência institucional, que exclui aqueles resistentes à nova ordem.
Este artigo aborda a história de um jovem morador de um bairro periférico de São Paulo sumariamente executado no contexto dos “Crimes de Maio” ocorridos em 2006. Utiliza-se do arcabouço conceitual da vulnerabilidade como forma de compreender os diferentes elementos envolvidos na sua vitimização. Esse conceito proporciona uma perspectiva ampla e dinâmica que considera a suscetibilidade a um determinado evento enquanto dependente não só de aspectos individuais, mas também relacionais e contextuais, evitando efeitos estigmatizantes. A análise desenvolvida enfatiza a incerteza social juvenil e a situação de liminaridade em relação ao “mundo do crime”; os processos de violência policial que recaem sobre determinadas parcelas da população, bem como a situação de impunidade. Tais elementos ocupam hoje uma posição central na conformação da vulnerabilidade de jovens à violência letal, o que torna necessária sua problematização para o desenvolvimento de ações de prevenção, inclusive no setor da saúde.
In the Public Health field, violence has been studied according to the classic risk approach. Generally speaking, the analyses developed in such perspective are able to show population tendencies of morbidity and mortality, and they also identify risk factors that are part of the causal chain of violence. Nevertheless, even though they are important as sources of information and hypotheses, when isolated such analyses are not capable of dealing with the complexity that is involved in the phenomenon. This paper aims at starting a reflection on the possibilities of the use of the vulnerability concept in the study of violence, specifically for understanding the set of situations that make youths be the main homicide victims. It is proposed a new approach to risk that takes into consideration socio-cultural processes that are present in the vulnerability of such group to lethal violence, through a perspective that presents the specificities of the youth condition and the challenge imposed by the contemporary social life.
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