O potencial provocado visual (VEP) é uma resposta cortical registrável na superfície do couro cabeludo, que refl ete a atividade dos neurônios de V1. É classifi cado, a partir da freqüência temporal de estimulação, em transiente ou de estado estacionário. Outras propriedades do estímulo parecem provocar uma atividade seletiva dos diversos grupos de neurônios existentes em V1. Desse modo, o VEP vem sendo usado para estudar a visão humana acromática e cromática. Diversos trabalhos usaram o VEP para estimar a sensibilidade ao contraste de luminância no domínio das freqüências espaciais. Mais recentemente, há estudos que empregaram o VEP para medir os limiares de discriminação de cores. O VEP transiente pode complementar as medidas psicofísicas de sensibilidade ao contraste espacial de luminância e de discriminação cromática, e constitui um método não invasivo para estudar a visão de indivíduos com difi culdades de realizar testes psicofísicos.
Descritores: Discriminação de cores. Sensibilidade de contraste (visão).Potenciais visuais provocados. Estimulação visual.
64B. D. Gomes, G. S. Souza, A. R. Rodrigues, C. A. Saito, M. Silva-Filho e L. C. L. Silveira
O potencial provocado visualO potencial provocado visual ou VEP (Visual Evoked Potential) consiste da combinação de potenciais pós-sinápticos de neurônios localizados principalmente no córtex visual primário (V1), gerados durante a ocorrência de estí-mulos visuais (Whittaker & Siegfried, 1983). O VEP refl ete em grande medida o registro da atividade da região retiniana central, pois o mapa retinotópico da projeção dessa região em V1 sofre enorme magnifi cação devido à sua grande densidade neuronal (e.g. Silveira, Picanço-Diniz, Sampaio, & Oswaldo-Cruz, 1989). Nessa região retiniana, as chamadas "linhas privadas" compreendem conexões entre fotorreceptores, células bipolares e células ganglionares na proporção de 1:1:1. Com isso, mais de 50% das células de V1 têm campos receptivos localizados nos 10 o centrais do campo visual. Além de ser um método de escolha para estudar a região central da visão, aquela de grande importância oftalmológica, o VEP tem ainda a vantagem de ser um método não invasivo para o estudo das vias retino-tálamo-corticais (Regan & Spekreijse, 1986).O VEP tem amplitude da ordem de milivolt quando registrado diretamente no córtex cerebral, mas é reduzido à escala de microvolt quando captado por eléctrodos de superfície posicionados sobre o couro cabeludo. Essa queda de tensão ocorre entre os diversos meios (meninges, osso, músculo, pele) que se interpõem entre a origem do potencial e o local de registro, atenuando a amplitude do sinal.O registro eletrofi siológico do VEP em seres humanos é uma variação da eletroencefalografi a (EEG), chamada de encefalografi a relacionada a eventos, e é realizado usando-se eletródios de superfície com resistência de contato entre 3 e 5 KOhm, colocados em pontos estratégicos na superfície do crânio (Odom, et al., 2004). A diferença de potencial entre os eletródios é captada por amplifi cadores diferenciais de...