Este ensaio tem por objetivo a interpretação de uma das mais arrojadas obras da literatura brasileira contemporânea. Começamos localizando-a historicamente na esteira da revolução deflagrada pelas vanguardas europeias no início do século XX. Em seguida, levantamos seus antecedentes literários. Pelo seu caráter radical de experimentação com a linguagem, por sua ruptura com as categorias tradicionais do romance, o texto se apresenta como uma floresta de signos. A leitura de Catatau revela uma narrativa extremamente elaborada, em que aparentemente nada faz sentido. Contudo, submetida a uma segunda leitura, deixa ver uma miríade de referências e estratégias de diálogo ficcional que estimulam o leitor a produzir imagens portadoras de sentido. Exerce um fascínio progressivo sobre o leitor, enredando-o inelutavelmente no vasto jogo de interpretações que suscita A teoria sobre o fictício e o imaginário, de Wolfgang Iser, nos permitiu refazer os caminhos e procedimentos que o autor usou ao compor a obra. Assim, foi possível dividir nosso ensaio em três momentos: a seleção dos campos referenciais retirados do mundo real e inseridos no texto, a combinação intratextual desses campos, e o desnudamento da ficcionalidade do texto como estratégia metaficcional que faculta ao leitor reagir ao que ele mesmo criou na imaginação.