Resumo Garantir cuidado integral à saúde de mulheres com câncer cérvico-uterino ainda é um desafio para a Saúde Coletiva, embora se evidencie o enraizamento de políticas, práticas e saberes na conformação de redes oncológicas de cuidado. Este estudo apostou na necessidade de mergulhar nas experimentações da micropolítica do cuidado para conhecer as nuances do fenômeno investigado. Ao fundamentar-se no aporte teórico-metodológico de Deleuze e Guattari, objetivou-se cartografar linhas de composição da produção de cuidado oncológico, na cidade de São Luís-MA, tendo como dispositivo a rede da usuária-guia Luiza. Investigaram-se 28 participantes através de entrevistas em profundidade e rodas de conversas. Como resultado, desenhou-se uma rede vulnerável, fragmentada e centralizada no cuidado biomédico, tendo um hospital que acolhe demandas da doença e uma atenção primária que abandona prevenção e promoção de saúde. Destaca-se a importância de conhecer a mulher com câncer atrelada à comunidade, à religiosidade e aos vínculos familiares. Ter câncer mudou a vida de Luiza e demandou conexões para além do biomédico. Essa cartografia convoca à percepção dos gargalos existentes na produção de redes oncológicas, convidando a quebrar muros tecnoassistenciais e criar enfrentamentos centrados na promoção de saúde e qualidade de vida.