O artigo aborda a trajetória política de Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha, importante intelectual e jornalista do extremo Norte do país, onde se destacou como o maior propagandista da causa republicana. Dividindo sua longa vida pública de mais de 50 anos entre as cidades de Belém e Manaus, tornou-se, por volta de 1870, pioneiro na defesa do regime republicano no Amazonas e no Pará, reverberando suas ideias de uma República popular e revolucionária por meio de uma crônica jornalista intensa e incisiva. Desgostoso com a República, passou a ser associado ao jacobinismo político por voltar sua crítica radical contra os primeiros governos republicanos e o modelo de República vencedor no 15 de Novembro. Bento Aranha, que assumiu vários mandatos parlamentares na Província do Amazonas, chegou ao fim de sua vida considerando-se excluído e no ostracismo. Sua voz incômoda contribuiu para que se tornasse um esquecido não apenas pela sociedade em que (e pela qual) atuou, como também pela historiografia. Acompanhá-lo por intermédio de suas crônicas na imprensa, é abrir a possibilidade para a compreensão de como a República foi pensada, recepcionada e, também, combatida fora dos espaços tradicionais do poder no Brasil.