“…e consumo de narrativas antiéticas, falsas ou odiosas e dos comportamentos de assédio, incivilidade ou geradores de toda sorte de dependência e sofrimento (JUNQUEIRA;GRIEGER, 2021).Nesse contexto, as vulnerabilidades digitais decorrem de um conceito fluido, em permanente evolução, na busca de dar conta, principalmente, do entendimento e do enfrentamento das fragilidades humanas frente às complexidades dos ambientes híbridos compostos por humanos e não humanos em permanente interação. Como abordado emJunqueira, Botelho-Francisco e Grieger (2021, p. 178), estas vulnerabilidades "devem ser compreendidas em perspectiva sócio-histórica que contemple simultaneamente as lutas hegemônicas e contrahegemônicas do poder social, ao par da evolução tecnológica e das lógicas e estratégias do mercado".Neste sentido, o conceito de vulnerabilidade digital se mostra potente no contemporâneo para uma abordagem interseccional sobre os fenômenos que decorrem da popularização das tecnologias digitais e do que vem sendo convencionado chamar de "transformação digital", expressão que parece naturalizar processos, princípios e contradições sobre a tecnologia como um ator, um discurso e um vetor de câmbios sociais e culturais.O conceito se mostra potente porque expressões como inclusão, exclusão, brecha, entre outras, não se apresentam como categorias analíticas capazes de observar as dinâmicas de diferentes atores sociais, humanos e não humanos, na interação com este signo chamado tecnologia digital, que, para além de uma binaridade -entre ter e não ter, estar e não estar, ser e não ser -, carrega em si mesmo a pluralidade e as contradições das relações sociais, políticas, econômicas e sociais.Ao centrar a análise no Brasil, importante observar, por exemplo, que o acesso às TIC -computador, dispositivos eletrônicos e internet -é historicamente heterogêneo, refletindo e configurando múltiplas exclusões, inequidades e vulnerabilidades sociais.…”