A hanseníase é uma doença causada pelo Mycobacterium leprae e é endêmica em várias regiões do mundo. Em 1991, a Organização Mundial da Saúde propôs que a hanseníase fosse eliminada até o ano 2000. No entanto, até hoje a hanseníase se mantém como um grave problema de saúde pública e, apesar dos investimentos em saúde, sabe-se que o período pré-patogênico tem forte influência no desenvolvimento desta doença. Neste sentido, os modelos matemáticos e estatísticos podem desempenhar um papel relevante na tomada de decisão para a manutenção de programas para a eliminação de hanseníase e na identificação e vigilância de casos novos. Assim, de forma a compreender os efeitos do investimento em políticas públicas na dinâmica da hanseníase no Estado do Pará, Brasil, nós objetivamos correlacionar, com uso da inteligência artificial, o gasto em alguns programas na área da saúde, educação e assistência social com o coeficiente de detecção geral, coeficiente de detecção em menores de 15 anos e a proporção de casos de detectados em grau II de deformidade, entre os anos de 2001 e 2020. Para isso, utilizou-se a tecnologia de redes neurais artificias para cruzar os dados de indicadores epidemiológicos da hanseníase com indicadores de políticas públicas na área da saúde, educação e assistência social e estimar os seus impactos na dinâmica da doença. A partir dos dados coletados, observa-se uma diminuição progressiva dos indicadores epidemiológicos no Estado e uma correlação de alguns indicadores socioeconômicos com a evolução da hanseníase, estando esta queda relacionada ao investimento federal em saúde, educação e assistência social. Também, foi possível assimilar as Regiões de Saúde do Marajó I, Carajás, Tapajós, Xingu e Lago do Tucuruí como prioritárias para o combate ao agravo no Pará e, dentre as variáveis estudadas, as que mais impactaram os indicadores epidemiológicos da hanseníase foram: gasto per capta com o Programa Bolsa Família, percentual da população urbana com acesso a água, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica nos anos finais do Ensino Fundamental e a taxa de analfabetismo acima dos 15 anos de idade. Por fim, foi detectado que um investimento de R$ 436,99 mensais, em valores atuais, para cada uma das 965.697 famílias paraenses beneficiárias do PBF em 2020 levaria a um coeficiente de detecção geral estimado para o Pará de 9,54 casos/100mil habitantes, considerado médio. Palavras-chave: Hanseníase. Inteligência artificial. Fatores socioeconômicos. Determinantes sociais da saúde. Epidemiologia. Investimentos em saúde.