Através da análise do romance Alias Grace, da escritora canadense Margaret Atwood, objetiva-se demonstrar o funcionamento do maquinário gótico em uma obra da pós-modernidade, evidenciando, em seus aspectos formais, suas estreitas relações com questões de gênero e sexualidade que desautorizam a visão de uma identidade unívoca e coerente. Em Alias Grace, Atwood descreve cenários caracteristicamente góticos, nos quais são encenados eventos escabrosos e sobrenaturais, consoantes com as convenções deste gênero literário. Através da construção de um enredo gótico, a autora retrata o conflito feminino diante da opressão exercida por uma sociedade androcêntrica e elabora a heroína por meio do entrelaçamento de estereótipos de virtude e vício, de onde emerge a visão de uma identidade multifacetada e estrategicamente fluida.
ResumoO gótico na pós-modernidade se impõe como instrumento de tradução simbólica de dilemas relacionados à inserção cultural da mulher e às formas de expressão dessa problemática. Um estudo de Alias Grace, de Margaret Atwood, um exemplar do gênero na contemporaneidade, revela que o emprego parodístico das convenções narrativas do gótico transfigura literariamente questões ligadas à identidade e à sexualidade femininas, no âmbito maior da experiência identitária pós-moderna.Palavras-chaveGótico. Autoria feminina. Pós-modernidade. Identidade. Margaret Atwood
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