A mumificação de corpos humanos ou de suas partes é uma prática cultural em todo o mundo. Nesse contexto, a mumificação de cabeças humanas, para a confecção de troféus de guerra, teve um importante significado na cultura de vários grupos humanos. Na América do Sul, os Shuar ou Jívaro e os Munduruku, estes últimos na Amazônia brasileira, destacaram-se nessa prática. No caso dos Munduruku, as cabeças-troféu são extraordinários exemplos de mumificação por defumação e pelo uso de substâncias vegetais. Possuíam grande valor simbólico e espiritual para os guerreiros que as obtivessem e preparassem, após as batalhas, como parte de um complexo ritual de confirmação de força e de prestígio. Relacionadas culturalmente à fertilidade, à reprodução e à sobrevivência do grupo, essas cabeças, hoje em Museus, têm sido pouco estudadas. A partir da análise de um exemplar do acervo do Departamento de Antropologia do Museu Nacional, Rio de Janeiro, foi possível confirmar uma série de relatos da literatura e a autenticidade deste espécime.
Resumo: Foram investigadas as alterações entésicas nos membros inferiores em dois grupos pré-coloniais litorâneos provenientes de Santa Catarina, Armação do Sul e Praia da Tapera. Foram examinadas nove áreas de fixação tendíneo-ligamentar em 101 indivíduos adultos de ambos os sexos, divididos em três intervalos etários, com atribuição de escores crescentes para definição do grau de robusticidade. As enteses foram analisadas em conjunto, face às funções gerais dos músculos na mobilidade terrestre, usando o teste do Qui-quadrado de Pearson (p<0,05) e a Análise de Agrupamentos, para comparações inter e intragrupos. Os dados indicaram um padrão de intensa mobilidade terrestre em terrenos acidentados entre os homens da série Tapera. Na série Armação do Sul foi observado um padrão menos intenso entre os homens, associado a deslocamentos por extensões menores e/ou em terreno plano. Em ambas as séries as mulheres apresentaram demandas musculares menos acentuadas do que os homens. A discussão biocultural dos resultados integrou os dados bioarqueoló-gicos, arqueológicos e ambientais de cada sítio.
O objetivo deste estudo é ampliar as discussões sobre a ocupação do Sambaqui Arapuan, localizado no litoral do estado do Rio de Janeiro, a partir de dados pontuais obtidos pela análise de isótopos estáveis e radiocarbono de dois indivíduos recuperados no sítio. Existem poucos dados a respeito da estratigrafia dos remanescentes humanos recuperados neste sítio e poucas datações, limitando o entendimento do processo de utilização do espaço sincrônica e diacronicamente. Uma revisitação dos elementos e dados coletados possibilitou a identificação de dois indivíduos, localizados no topo e na base do sítio, os quais foram submetidos à datação e análise isotópica (carbono e nitrogênio). Os resultados sugerem que o local teria sido usado como espaço funerário durante a ocupação dos construtores de sambaqui e no início do período colonial. Os dados isotópicos do indivíduo pré-colonial são compatíveis com uma subsistência marinha. Já o indivíduo atribuído ao período colonial apresenta um perfil sugestivo de que a caça de animais e o consumo de vegetais teriam sido mais relevantes para ele. Tais dados, ainda que pontuais, levantam questionamentos e demandam novas investigações, quer sobre a temporalidade de uso dos espaços funerários, quer sobre as discussões relativas ao colapso das sociedades construtoras de sambaquis e suas relações com seus sucessores.
Este estudo foi iniciado a partir da análise do material arqueológico coletado no sítio sambaqui Arapuan, localizado no município de Guapimirim, litoral do Rio de Janeiro, e que estava sob a guarda do Museu Nacional/UFRJ. O sítio Arapuan é um espaço funerário com uma elevada quantidade de sepultamentos, em relação aos demais sítios da região. Ao confrontar as informações dos relatórios de campo, que registraram as variadas ações a partir da década de 1970; os registros dos sepultamentos, com dados do material esquelético humano e do material lítico; adornos e fragmentos de cerâmica; e as informações das coleções das reservas técnicas do Setor de Antropologia Biológica e do Setor de Arqueologia do Museu Nacional, observamos a ausência de grande parte do material coletado (ossos e elementos da cultura material), um elevado grau de fragmentação dos ossos e falta de identificação no material, impedindo a sua localização nos relatórios. Assim, este estudo tem como objetivo criar subsídios para propor uma série de novas ações no sítio, face ao seu expressivo potencial informativo a respeito da cultura sambaquieira no litoral do Rio de Janeiro, completando uma série de estudos mais consistentes em outros sítios dessa região.
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