Resumo: Podemos ainda falar em movimento social em sociedades que chamaríamos pós-industriais, às quais muitos observadores chamam sociedade da informação ou da comunicação? A resposta a essa questão preside o emprego que os sociólogos devem ou não fazer da noção de movimento social no mundo de hoje e, em particular, em seus setores economicamente mais modernos. É necessário distinguir claramente, em cada tipo de sociedade, os movimentos sociais propriamente ditos, os conflitos estruturais dessa sociedade que opõem os detentores do poder econômico e social e aqueles a eles submetidos, e os movimentos (históricos) que podem ser claramente definidos pelos conflitos surgidos em torno da gestão da mudança histórica. A primeira noção aparece mais evidente e mais central em estudos sobre a sociedade industrial; entretanto, faz-se necessário descobrir, constantemente, os laços que unem os dois tipos de movimento coletivo.Palavras-chave: movimento social, sociedade industrial, sociedade pós-industrial.
I.1Propor nova definição e análise dos movimentos sociais, das características e das diversas interpretações elaboradas sobre eles, pode ser julgado como mais pernicioso do que útil. Atualmente, a única razão que me parece justificar um novo exame dessa noção é a introdução de outros elementos no debate. Aqui, duas possibilidades de crítica se apresentam. A primeira delas declara que a idéia de movimento social é menos uma categoria propriamente analítica do que uma categoria de natureza histórica. Isto é, os movimentos sociais estão ligados a um tipo de sociedade, que deixamos para trás, por exemplo, a sociedade industrial. A definição, entretanto, pode ter maior amplitude e, assim, não haver mais necessidade de utilizar a noção de movimentos sociais. Alguns dirão mesmo que é necessário deixar essa noção que nos fecha em um tipo de sociedade que, em grande Sociedade e Estado, Brasília, v. 21, n.