Escrevemos um artigo sobre o que pode uma disciplina de Educação e Diversidade em um curso de Pedagogia de uma Universidade Pública em meio aos problemas contemporâneos da formação para educar com as diferenças. Utilizamos a metodologia da conversa (SAMPAIO; RIBEIRO; SOUZA, 2018) com base nas anotações de seus últimos três anos de exercício, narrativas escritas que a compuseram, em especial, aquelas que se produziam no primeiro dia de aula, isto é, em um memorial sobre as experiências de exclusão/inclusão que os alunos e alunas tenham vivido e/ou observado e, a partir delas, realizamos uma roda de conversas. Nosso objetivo se constituiu em problematizar como as concepções de exclusão/inclusão vêm sendo construídas nas experiências dos alunos e alunas que chegam à Universidade no curso de Pedagogia conforme suas histórias de vidaconhecimento. Nos pautamos no referencial teórico do pensamento complexo (MORIN, 2003a, 2003b, 2007a) para tecer, junto com as memórias dos estudantes da disciplina, como as marcas de inclusão e exclusão que vêm constituindo seus percursos formativos dizem sobre a composição social, cultural e histórica da humanidade e, também, são marcas decisivas nas práticas pedagógicas inclusivas ou excludentes que irão compor os gestos de professor. O que nos passa, não passa em nossa frente, não passa por nós, mas nos atravessa.
Com base no referencial teórico do pensamento complexo (MORIN, 2007a, 2008a), escrevemos sobre o exercício do professor em meio aos desafios da educação atual. Nosso objetivo se constituiu em problematizar sobre composições da construção do conhecimento do professor e como a conscientização destes pode ser o próprio rearranjo de sua formação. Entre o que ensinar e o que aprender; entre o como, o porquê e o para quê do exercício do professor existe o mundo. Sinalizamos que o exercício do professor precisa ser um percurso atencioso, perceptivo e coerente compartilhado na relação com o mundo, onde constrói permanentemente a matéria-prima e a obra-prima de seu conhecimento para além de um utilitarismo. Perguntamos qual(is) seria a matéria-prima do professor? Qual(is) seria a obra-prima do professor? Neste percurso, propomos outras vias que possibilitem o professor compreender e questionar os implícitos de seu ser e saber para além de uma pedagogia da transmissão.
Neste texto, a partir das reflexões do pensador francês Edgar Morin, preferimos pensar o que pode uma noção de enraizamento humano do todo nas partes e suas possíveis potencialidades na relação com a educação. Esta mesma que vem nos convidando (e talvez suplicando) a uma escuta e escrita que ouse apresentar menos uma fórmula e uma problemática de práticas educativas supostamente inovadoras. Preferimos dialogar a partir da tentativa de uma contração entre vida e conhecimento, fazendo emergir afetamentos no ser e no saber, implicando numa outra forma de compreender a nossa própria luz/sombra situada no mundo, ensaiando a possiblidade de civilizarmo-nos com o prelúdio da religação, que nos alargamentos entre vida e conhecimento.
À luz/sombra do pensamento complexo (MORIN, 2003b, 2007a), escrevemos sobre o que pode a vidaconhecimento na educação, a partir de alguns rastros da temporalidade da vida e obra do pensador Edgar Morin. A experiência da vidaconhecimento (JESUS, 2015) nos ajuda a acolher as diferenças, semelhanças, diversidades, igualdades, e das incertezas a partir dos princípios cognitivos da complexidade nos possibilita encontros que a educação anseia na Atualidade. A categoria tempo aparece nas obras de Edgar Morin na relação intrínseca com o conceito de complexidade, forjando a noção do tempo complexo (MORIN, 2008a) que nos possibilita pensar e habitar a educação enquanto um campo de expressão da liberdade que se move na e com as diferenças. Utilizamos da metodologia com base na pesquisa bibliográfica (SALVADOR, 1971) para mapearmos a concepção de tempo nas obras de Edgar Morin. Nos debruçamos nas trilhas desses manuscritos com o propósito de pensar como a compreensão de tempo que perpassa o pensamento de Edgar Morin nos possibilita pensar a produção de diferenças na educação. Para isso, trouxemos enquanto problema da pesquisa: O que pode a vidaconhecimento na educação? Entendemos que a tomada de consciência e responsabilidade sobre as vivências dos tempos favorecem ideais cada vez mais democráticos de escuta pela ética da compreensão (MORIN, 2003b) na educação.
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