Este artigo tem como objetivo refletir sobre o uso de protocolos verbais enquanto método de coleta de dados em pesquisas de natureza qualitativa, mais especificamente sobre a limitação que se apresentou como a mais significativa para seu emprego em um estudo sobre inferência lexical na língua estrangeira (BALDO; VELASQUES, 2010), ou seja, a sua natureza subjetiva. Iniciamos com uma breve revisão da literatura sobre os protocolos, à qual se segue uma descrição da pesquisa em que esses foram empregados. Com base nisso, a questão da subjetividade é ilustrada por meio de amostras de classificações dissonantes realizadas de modo independente por dois pesquisadores. A discussão final é realizada apresentando-se o caminho trilhado para minimizar o obstáculo, com a intenção de contribuir para aprimorar a eficácia no uso de protocolos verbais em pesquisas futuras.
BALDO, Alessandra; SILVA, Tássia Ávila. Frequência de palavras e processos inferenciais: o que aprendizes de uma L2 podem dizer sobre isso. Linguagem em (Dis)curso -LemD, Tubarão, SC, v. 17, n. INTRODUÇÃOA ampliação do léxico é uma das principais habilidades a serem desenvolvidas no processo de aquisição de uma língua estrangeira (L2), sendo fundamental tanto na compreensão quanto na produção oral e escrita. É, ao mesmo tempo, das mais complexas: enquanto os processos de apresentação e, em etapa imediatamente posterior, de apropriação das palavras que compõem a língua materna (L1) de um indivíduo ocorrem, na maioria das vezes, de forma tão natural que podem ser considerados em grande proporção automáticos, isso está bem distante de ser verdadeiro para aprendizes de uma L2. Tendo em mente o ambiente formal de ensino, fatores como o início tardio da aquisição de uma L2, a restrição de insumo e a artificialidade do ambiente de ensinoaprendizagem são desafios que se impõem ao objetivo maior de qualquer aprendiz de uma L2, ou seja, apropriar-se dessa nova língua para poder comunicar-se de forma eficiente, tanto pelo falar/ouvir como pelo escrever/ler. * Professora-associada da área de Inglês. Doutorado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, RS.
INTRODUÇÃOEnquanto parece indiscutível que há um número significativo de produções científicas relativas a gêneros textuais/discursivos, 1 especialmente na interface com a linguagem e a educação, também parece razoável afirmar que essas produções têm se concentrado em três grandes áreas, ou seja, propostas de ensino da língua portuguesa a partir da concepção de gênero; abordagem de gênero textual/discursivo em livros didáticos; análi-se de gêneros variados.Percebe-se, com isso, que a percepção de gênero textual/discursivo do professor de língua portuguesa não tem sido o foco desses estudos, salvo casos isolados (por exemplo, ROJO, 2003a). Apesar de muitos trabalhos afirmarem que o ensino da língua portuguesa que visse gêneros textuais/discursivos seria mais eficaz, isso naturalmente apenas poderá ocorrer se o professor possuir um conhecimento teórico suficiente sobre a questão. Além disso, ainda que muitas análises tenham mostrado que a abordagem de gêneros feita nos livros didáticos é insuficiente, isso não implica necessariamente que a do professor também o seja. Como assinala BIASI-RODRI-* Universidade de Caxias do Sul 1 Há uma distinção teórica entre essas duas noções que, devido à limitação de espaço, não será tratada aqui. A esse respeito, ver Rojo (2003).
Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil INTRODUÇÃOO ensino de expressões idiomáticas (EIs) nas aulas de português como língua estrangeira (L2) configura-se como um recurso privilegiado para fomentar a interculturalidade (ALVAREZ, 2000; ALVAREZ e MACHADO, 2010; RIVA e CAMACHO, 2010, SILVA, 2011, o que pode ser atestado pelos estudos voltados a apresentar a melhor forma de ensiná-las, como também pela diversidade de materiais didáticos atualmente disponíveis para seu ensino.Contudo, o que se observa de modo menos significativo nessa área são estudos sobre os processos cognitivos empregados pelos aprendizes para a compreensão dessas expressões, e é nessa lacuna que o estudo aqui relatado se insere. De natureza qualitativa e utilizando a técnica de protocolos verbais, o foco está nas estratégias inferenciais de cinco estudantes de português como L2 nas suas tentativas de buscarem o significado de EIs desconhecidas.Mais detalhadamente, os objetivos do estudo foram três: (i) avaliar as estratégias cognitivas empregadas por cinco aprendizes de português como L2 para inferir o significado de EIs quando apresentadas de modo descontextualizado; (ii) avaliar as estratégias cognitivas empregadas pelos mesmos aprendizes para inferir o significado dessas expressões quando apresentadas em um contexto específico; (iii) avaliar em que * Doutora em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professora Adjunta do Centro de Letras e Comunicação.
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