A constante cosmológica de Einstein, introduzida por ele como uma estratégia para manter seu modelo de universo estático, tem sido divulgada como um dos maiores erros de sua carreira. Em 1922, Einstein avaliou o artigo enviado por Friedmann para um periódico alemão, mostrando que existe uma solução das equações de campo da relatividade geral em que o tamanho do universo aumenta com o tempo. Einstein considerou que Friedmann teria cometido um erro nos cálculos, mas após discutir a questão com um colega de Friedmann, reconheceu seu engano, declarando que a proposta do universo em expansão seria matematicamente possível. Contudo, acreditava que essa ideia dificilmente teria algum sentido físico. Este episódio histórico foi adaptado para o contexto do ensino de Física do ensino médio através da criação de um jogo didático. Neste artigo, analisamos argumentos envolvendo a oposição entre Einstein e Friedmann e as concepções dos alunos sobre o papel dos erros na ciência. Houve um equilíbrio entre o número de alunos que apoiou Einstein ou Friedmann. Muitos dos fãs de Einstein tinham uma admiração ingênua, acreditando que alguém tão inteligente como ele não poderia cometer erros. Por outro lado, os fãs de Friedmann valorizaram sua atitude crítica, desafiando a autoridade de um cientista renomado. Os alunos discutiram se o fato de que Einstein tenha admitido seu próprio erro deveria ou não ser valorizado. Com isso, notamos argumentos interessantes dos alunos sobre o papel dos erros na ciência, que motivaram a problematização do mito dos grandes gênios que nunca erram e cuja autoridade não deve ser questionada.
This analysis of the scientific and academic career of the Russian-Italian physicist Gleb Wataghin, founder of the physics course at the University of São Paulo, in the richest state of Brazil, in 1934, brings to light elements present in the formation of a scientific identity, which we characterize here as transnational. The methodological recourse to transnationalism is a cornerstone of our analysis, insofar as it was itself an integral part of Wataghin’s career, considering that he made foreign travel a systematic part of his approach and placed it at the disposal of his Brazilian students. Thanks to his training as a physicist and his membership in the international scientific community in the 1920s and ’30s, Wataghin brought to Brazil not just the latest topics on the physics agenda in the Northern Hemisphere, but also contacts that later enabled his students to spend time at institutions and laboratories run by renowned physicists. The scientific values and practices Wataghin transported to Brazil are discussed, as is the way he combined them with the values held dear by the São Paulo elite, responsible for planning and funding the university, who saw modern science as a symbol of erudition and a means by which to win back their political influence in Brazil, which they had lost in 1930 with the rise to power of a centralizing federal government.
A importância do estudo de episódios da história da ciência como forma de ensinar não só conteúdos científicos, mas também discutir sobre a chamada “natureza da ciência” têm sido amplamente defendidas por pesquisadores do ensino de ciências há muito tempo. Porém, na medida em que se reconhece haver questões controversas sobre a natureza da ciência, é natural que também haja divergências no modo como educadores, cientistas, historiadores, filósofos e sociólogos pensam ser a visão adequada sobre a ciência a ser apresentada às gerações futuras. Na chamada “Guerra das Ciências”, cientistas naturais se opuseram ao questionamento da autoridade da ciência em estudos realizados nas áreas da história, da filosofia e principalmente da sociologia das ciências. Apresentamos uma revisão de debates envolvendo controvérsias sobre a natureza da ciência na educação básica, com foco nas críticas à chamada “visão consensual”, que busca eliminar controvérsias construindo consensos. Defendemos que, ao invés de evitar aspectos controversos na educação básica, uma abordagem filosófica pluralista é mais adequada para formar cidadãos críticos. Para ilustrar como esta postura pode ser levada para a educação básica, apresentamos um jogo didático elaborado por um grupo de pesquisadores do ensino de física e professores do ensino médio, que tem como objetivo fazer uso de episódios da história da cosmologia para estimular debates sobre o valor atribuído pelos alunos à ciência, dando espaço para a discussão de questões prescritivas, não só sobre o que a ciência tem sido, mas sobre o que ela pode, poderia ou deveria ser.
Apresentamos estudos sobre a história da física na primeira metade século XX, em especial sobre cosmologia e física nuclear, a partir das trajetórias científicas de George Gamow, Robert Oppenheimer e Gleb Wataghin, que foram base a criação de propostas didáticas que visam contribuir para a educação científica em uma perspectiva que valoriza discussões sobre ciência, tecnologia e sociedade. Para isso, selecionamos historiadores que adotaram uma abordagem transnacional da história da ciência, que enfatiza a circulação de cientistas e saberes no período entreguerras, dando atenção a como as complexas identidades nacionais dos cientistas influenciaram suas trajetórias científicas.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.