Dado o crescimento de visões ingênuas e críticas à ciência e sua autoridade, é natural que se questione as propostas educacionais que possam fomentar ainda mais um relativismo. Tendo em vista esse risco, com base em estudos sobre história da cosmologia na primeira metade do século XX, argumenta-se a pertinência de se incluir controvérsias sobre a natureza da ciência na educação científica. Para isso, são apresentadas e discutidas duas visões antagônicas de filósofos da ciência sobre a mudança das teorias científicas: o racionalismo crítico de Imre Lakatos e o anarquismo epistemológico de Paul Feyerabend. Elas foram empregadas para criar duas sínteses de obras sobre a história da cosmologia: primeiro uma reconstrução racional da história e em seguida uma história com maior espaço para a pluralidade de teorias, incluindo a presença de fatores usualmente considerados não racionais na ciência. Como conclusão, se propõe que este tipo de controvérsia tem potencial para evitar que continuem aumentando visões ingênuas sobre a ciência, tanto baseadas em uma confiança excessiva na autoridade de especialistas, quanto de uma radicalização da desconfiança de qualquer autoridade.