O objetivo deste artigo é investigar, sob a perspectiva da teoria da sinalização, a influência da adoção de práticas diferenciadas de governança corporativa sobre a acurácia das previsões do consenso (média das previsões dos lucros) dos analistas de investimento do mercado brasileiro. Investigou-se essa relação em virtude da ausência de uma teoria bem desenvolvida a respeito da natureza complexa e multidimensional da governança corporativa. A acurácia das previsões dos analistas foi mensurada a partir de metodologias propostas na literatura nacional e internacional. Como proxy para adoção de práticas diferenciadas de governança corporativa, foram utilizados os níveis diferenciados de governança corporativa da BM&FBovespa (Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado). A amostra de trabalho da pesquisa foi composta por 105 empresas de capital aberto com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo e que possuíam cobertura regular dos analistas de mercado, durante o período de 2000 a 2008. Foram consideradas tanto as instituições financeiras quanto as não financeiras, totalizando 2.352 observações. De acordo com os resultados encontrados, há evidências de que a governança corporativa influencia positivamente a acurácia das previsões dos analistas de investimento. Desse modo, pode-se considerar que a adoção de práticas diferenciadas de governança corporativa representa um sinal positivo, emitido pelas empresas ao mercado de capitais, capaz de influenciar a acurácia das previsões do consenso dos analistas de investimento do mercado nacional, e que esse sinal representa parâmetros na mudança da probabilidade condicional que definem as crenças, tanto dos analistas na elaboração de suas previsões e recomendações quanto dos investidores na escolha de suas aplicações. Entende-se que este trabalho contribui não apenas para a literatura a respeito de governança corporativa e previsão de analistas, mas também para o mercado de capitais brasileiro (analistas, investidores, auditores, bancos, instituições de investimento, agências de rating, fundos de pensão, órgãos reguladores, associações, bolsas de valores, próprias empresas, gestores, entre outros), ao demonstrar os benefícios diretos e indiretos da adoção de práticas diferenciadas de governança corporativa por parte das empresas brasileiras.
RESUMOste trabalho tem como objetivo refletir sobre o paradoxo da estabilidade dos sistemas de contabilidade gerencial, ou seja, sobre as razões pelas quais as organizações, na prática, utilizam muito pouco a base conceitual disponível na teoria. A base conceitual da teoria da contabilidade gerencial é fundamentada na teoria neoclássica da firma, cujos pressupostos básicos são: (i) a maximização racional dos agentes econô-micos e (ii) o equilíbrio geral proporcionado pelas forças de mercado. O estudo de caráter teórico apresenta críticas à teoria neoclássica e demonstra que, segundo a abordagem da denominada velha economia institucional (OIE -old institutional economics), a contabilidade gerencial praticada pelas empresas é uma instituição formada a partir de hábitos e rotinas que dão sentido aos relacionamentos dos grupos da organização. O estudo indica que as organizações não utilizam em larga escala as novas abordagens de contabilidade gerencial porque os processos de institucionalização dos novos conceitos efetivamente não ocorreram. ABSTRACThis study aims to carry out reflections towards explaining the paradox of management accounting stability, or, why the implementation level of new accounting techniques and concepts in companies is below the expected. Management accounting theory is strongly oriented by the neoclassical theory of the firm, but neoclassical economics was developed by economists to predict behavior at the industry and market levels. It was not intended as an explanation of the behavior of managers within firms. This paper criticizes neoclassical theory and argues that according the OIE -old institutional economics, management accounting can be seen as institution formed through habits and routines of a social group. The institutional approach enables organizations to reproduce and legitimate behaviors and to achieve organizational cohesion. This work indicates that firms do not implement new concepts from management accounting because these were not institutionalized.
In this study we investigate the complementary effect of firm-level incentives and IFRS adoption on the informativeness of accounting reports in Brazil. Using a specially constructed corporate governance index—Brazilian Corporate Governance Index (BCGI)—we show that the quality of corporate governance is linked to the growth opportunities firms face. Consistent with the argument that accounting numbers are essential elements of corporate governance arrangements, we show that improvements in corporate governance are associated with economically material and statistically significant improvements in indicators of accounting quality. We also show that corporate governance quality and accounting quality are also positively affected by cross-listing, although cross-listing is not the only driver of either of these quality choices. Our results also show that IFRS adoption leads to an increase in the informativeness of accounting reports in Brazil, especially for firms that do not possess the ex ante incentives to produce high-quality financial statements.
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