A Indústria Automobilística no Brasil e no mundo tem passado por um processo de importantes transformações. Especificamente no Brasil, a instalação de novas montadoras, a consolidação e desnacionalização das autopeças e fenômenos como a introdução de motores de baixa cilindrada têm trazido implicações estratégicas importantes para as empresas, assim como para suas cadeias de suprimentos. Considerando estas implicações, este trabalho tem por objetivo compreender os inter-relacionamentos entre a Estratégia de Operações (EO) e a Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS), analisando estudos de caso em duas montadoras de motores instaladas no Brasil e dois de seus fornecedores. Os resultados indicam forte inter-relacionamento entre as prioridades competitivas e decisões nas áreas estruturais e infra-estruturais das empresas, bem como entre os aspectos estruturais e relacionais das cadeias nas quais estas estão inseridas. As montadoras estudadas apresentam EOs semelhantes, mas suas prioridades e ações ocorrem no contexto de diferentes estruturas de cadeias de suprimentos e, conseqüentemente, por meio de diferentes formas de relacionamento. Dada a influência mútua entre os fatores de EO e GCS, bem como a dependência de escolhas anteriores, são conferidas complexidade e relevância estratégica ainda maiores às decisões realizadas em ambas as áreas.
O desenvolvimento de abordagens para estudo de cadeias de suprimentos é relativamente recente e vem sendo tratado em periódicos científicos, de modo sistemático, apenas a partir do final dos anos 80. Neste artigo, são apresentados, inicialmente, os principais pressupostos da abordagem que ficou conhecida como Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS). Em seguida, procura-se ilustrar, a partir de uma revisão parcial de trabalhos realizados sobre a indústria automobilística, em que medida tais pressupostos podem, ou não, ser verificados. Constatando que apenas em alguns casos o conjunto de pressupostos tende a se tornar realidade, sugere-se que seja desenvolvida uma etapa metodológica inicial para a verificação de tais pressupostos ou para a avaliação das características estruturais e relacionais da cadeia de suprimentos a ser estudada. Procurando contribuir para o desenvolvimento dessa primeira etapa metodológica, faz-se uma breve síntese de algumas correntes teóricas que podem oferecer subsídios para a análise das características estruturais e relacionais principais da cadeia de suprimentos. Tal análise auxilia a avaliar o contexto em que princípios e técnicas da GCS poderão ser propostos e implementados e, também, pelo menos parcialmente, os resultados que poderão ser alcançados.
The main goal of this article is to identify and compare structural and relational characteristics ofResumo: O objetivo deste artigo é identificar e comparar características estruturais e relacionais de cadeias de suprimentos produtoras de motores para automóveis e de cadeias do setor de linha branca instaladas no Brasil. Foram realizados para isso três estudos de caso em cada um destes setores. Os processos de reestruturação dos dois setores desde meados da década de 1990 apresentaram traços semelhantes, e as montadoras estudadas aumentaram suas bases de fornecimento em função da ampliação da diversidade de modelos e produtos produzidos. Mas há diferenças entre os dois setores no que tange à sazonalidade de demanda, ao comprimento (quantidade de elos) das cadeias e às relações das montadoras com fornecedores de segundo nível (da segunda camada de fornecimento). Os resultados mostram que, em cada setor, mesmo quando possuem objetivos estratégicos e prioridades competitivas de produção em alguma medida similares, as empresas adotam práticas e configurações de Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS) distintas. Em cada um dos setores, há diferenças estruturais e relacionais importantes entre as cadeias de suprimentos. As montadoras estudadas apresentam diferentes níveis de terceirização de componentes, têm suas plantas posicionadas a distâncias distintas dos respectivos conjuntos de fornecedores e possuem diferentes políticas de suprimentos e números de fornecedores.Palavras-chave: Cadeias de Suprimentos. Gestão da Cadeia de suprimentos. Setor Automobilístico. Setor de Linha branca.Cadeias de suprimentos de montadoras dos setores automobilístico e de linha branca -Uma análise comparativa por meio de estudos de caso
Resumo Este artigo tem por objetivo identificar algumas das principais diferenças estruturais, relacionais e de orientação estratégica das cadeias brasileiras produtoras IntroduçãoA intensificação da competição no mercado automotivo brasileiro e internacional revelou às montadoras instaladas no Brasil necessidades urgentes de melhorias nos padrões locais de qualidade e produtividade.No contexto da produção de automóveis, o motor constitui um sistema considerado estratégico para a competitividade das montadoras, sendo composto por um grande número de componentes (especialmente no segmento metal-mecânico). Frente a esta relevância e diversidade de componentes, a estratégia de suprimentos das montadoras de motores exerce papel importante para as operações no setor.O setor de autopeças é composto por vários segmentos heterogêneos e o padrão de concorrência em cada segmento apresenta especificidades, como caracterís-ticas técnicas do produto, número de fabricantes e nível de verticalização das montadoras nos itens de cada segmento, dentre outras (QUADROS et al., 2000). Além disto, conforme apresenta Cerra (2005), os diversos fornecedores de autopeças possuem capacidades tecnológicas diferentes, o que os torna diferenciadamente aptos a realizarem melhorias e inovações nos produtos que fornecem.Considerando a importância das estratégias de suprimentos das montadoras de motores para a competitividade dessas empresas, e a heterogeneidade verificada em suas bases de fornecedores, este artigo tem por objetivo identificar eventuais diferenças estruturais, relacionais e de orientação estratégica das diversas cadeias brasileiras produtoras de motores, bem como sinalizar eventuais fatores decorrentes ou responsáveis por tais diferenças. Desse modo, pretende-se investigar como as montadoras procuram gerenciar suas cadeias de forma a viabilizar suas prioridades estratégicas. Em particular, procura-se discutir em que medida as estratégias das montadoras afetam as estruturas e relações nas cadeias de suprimentos e, por outro lado, como estruturas e relações condicionam suas estratégias. Para isso serão estudadas e comparadas as estruturas e algumas das relações entre empresas no interior de três cadeias, por meio de estudos de caso.A gestão da cadeia de suprimentos, base teórica da análise aqui proposta, considera que a competição no
Brazilian automotive industry has suffered structural changes, like lean manufacturing adoption, the set up of new productive chains, changes in product design, etc. In such context, this paper aims at introducing a case study carried out in an engine assembler located in Brazil, and analyzing aspects concerning Logistics and Supply Chain Management taking place in this company, in order to describe how these concepts are actually implemented in the company, and illustrate the relationship and mutual influence that exists between these areas. The case studied makes its contribution in the sense of highlighting the strong interrelationship taking place between aspects that compose Supply Chain Management, here included logistics (location, inventory, and transportation, among others) and the characteristics of structure, relationship and alignment pertaining to Supply Chain Management. In the case studied, given the strong mutual influence among its factors, as well as the dependence on previous strategic choices, decisions made in the Supply Chain Management sphere, and thus in the logistics one, are assigned even more complexity and strategic relevance.
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