Introdução: A gestação na adolescência é um tema de saúde pública de alta relevância, gerando consequências biopsicossociais no desenvolvimento das jovens de maneira permanente. A ocorrência da chamada repetição rápida de gestação intensifica esses efeitos, que podem ser sentidos desde a dificuldade em manter a matrícula escolar até a impossibilidade de adentrar o mercado de trabalho de maneira efetiva. Objetivo: Traçar o perfil das adolescentes com repetição de gestação, elencar os fatores associados à sua recorrência e calcular a prevalência desta repetição. Material e Método: Estudo observacional descritivo e transversal, que incluiu gestantes de 10 a 19 anos com uma ou mais gestações anteriores no momento da descoberta da atual gestação. Parturientes da maternidade do Complexo Hospitalar público, do período de 01 de agosto de 2020 a 31 de março de 2022 aceitaram participar do estudo por meio do Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) ou do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A coleta de dados foi conduzida em ambiente virtual, usando ferramentas da internet (formulários do Google) e telefones (ligação de áudio e uso de aplicativos), com os contatos obtidos do cadastro eletrônico hospitalar. Realizou-se análises descritivas e inferenciais, optando-se pelo teste de ꭓ2 de Pearson e teste não paramétrico de Mann-Whitney, adotando significância de 5%. Resultados: Foram realizados 6320 partos no período de estudo, sendo 580 gestantes adolescentes, e 113 destas adolescentes eram multíparas. As adolescentes contabilizaram 9,18% de todos os partos do serviço, uma média menor que a nacional, bem como prevalência de 19,5% (113 de 580) de adolescentes multíparas. As 113 adolescentes multíparas foram selecionadas para a amostra inicial, mas somente 31 fizeram parte da amostra final. Elas foram entrevistadas por aplicativo, o que tornou possível avaliar o perfil sociodemográfico, observar a tendência de maior taxa de planejamento de gestações associada à união estável dos casais (gestações não planejadas foram 21 sem união estável e 10 com união estável; p=0,063), a existência do fator de proteção, bem como a escolaridade associada ao maior uso decontraceptivos. Entre as gestantes que faziam uso de contracepção previamente à gestação, 12,5% tinham ensino fundamental e médio incompletos, enquanto, 42,9% tinham ensino médio completo (p=0,074). Conclusão: Observou-se um perfil de vulnerabilidade social entre as entrevistadas, agravada pelo abandono daeducação formal, baixa renda e falta de informação acerca de métodos contraceptivos. Fatores que têm relação direta com a recorrência das gestações são a baixa escolaridade e a ausência de união estável. A prevalência de adolescentes com gestações recorrentes foi de 19,5% entre todas as gestantes adolescentes do estudo.Palavras-chave: Gravidez na adolescência, Gestação, Recorrência, Multiparidade. ABSTRACT Introduction: Pregnancy during adolescence is a highly relevant public health theme and results in biopsychosocial permanent consequences in these teenagers’ development. An association with rapid repeat pregnancy can intensify the effects, which range from the difficulty of maintaining school enrollment to the impossibilityof entering the workforce effectively. Objectives: To outline the profile of adolescents with repeated pregnancies, list the factors associated with their recurrence and calculate the prevalence of this repetition. Material and Methods: Descriptive and cross-sectional observational study, which included pregnant women aged 10 to 19years with one or more previous pregnancies at the time they became aware of the current pregnancy. Parturients from the maternity of the Public Hospital Complex, from August 1, 2020 to March 31, 2022. They agreed to participate in the study by Free and Informed Consent Form or Free and Informed Assent Form. Data collectionwas conducted in a virtual environment, using internet tools (Google forms) and telephones (audio call and use of applications), with contacts obtained from the hospital electronic record. Descriptive and inferential analyzes were performed, opting for Pearson’s ꭓ2 test and Mann-Whitney’s non-parametric test, adopting a significance of5%. Results: There were 6,320 deliveries during the study period, of which 580 were pregnant adolescents and 113 were multiparous. Thus, the adolescents accounted for 9.18% of all deliveries at the service, an average lower than the national average, and there were a prevalence of 19.5% (113 out of 580) of multiparous adolescents.These 113 multiparous adolescents were selected for the initial sample, but only 31 were part of the final sample. They were interviewed by application, which made it possible to assess the sociodemographic profile, observe the trend of a higher planning rate of pregnancies associated with the stable union of couples (pregnanciesunplanned were 21 without a stable union and 10 with a stable union; p=0.063), the existence of the protection factor, as well as schooling associated with greater use of contraceptives. Among pregnant women who used contraception prior to pregnancy, 12.5% had incomplete primary and secondary education, while 42.9%had complete secondary education (p=0.074). Conclusion: A profile of social vulnerability was observed among the interviewees, aggravated by the abandonment of formal education, low income, and lack of information about contraceptive methods. Factors that are directly related to the recurrence of pregnancies are low schooling and lack of stable union. The prevalence of adolescents with recurrent pregnancies was 19.5% among all pregnant adolescents in the study. Keywords: Teenage pregnancy, Pregnancies, Recurrence, Multiparity.
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