Entre outros fatores, a melhoria da qualidade da educação escolar demanda investimentos na formação didático-pedagógica dos docentes. Essa não deve ficar restrita à formação inicial, mas também incluir à continuada, os auxiliando a refletirem sobre suas práticas, construírem e adaptarem soluções inovadoras, à altura dos desafios que encontram em seus respectivos contextos educacionais. Ao encontro desse objetivo, apresentamos os resultados de um estudo sobre a adoção de um dos métodos ativos mais utilizados no ensino de física, o Instrução pelos Colegas (IpC), que vem sendo sistematicamente adotado no contexto dos Mestrados Profissionais em Ensino (MPEs) e no qual se demanda a elaboração e implementação de um produto educacional inovador e disseminável. Elegemos os participantes de nossa investigação a partir de uma busca por dissertações de MPE em que os professores utilizaram o IpC em aulas de Física, no período de 2004 a 2020. Foram selecionadas e analisadas 45 dissertações e um questionário sobre a aplicação do IpC enviado aos seus autores sendo investigadas as modificações mais frequentes no método e algumas das justificativas para essas mudanças. As mudanças mais recorrentes identificadas no estudo dizem respeito às atividades de preparação prévia por parte dos alunos e a dinâmica de aplicação dos testes conceituais em sala de aula. Além disso, levantamos hipóteses explicativas para tais modificações que podem servir de ponto de partida para estudos futuros sobre o tema. Apresentamos também algumas considerações sobre esses resultados no contexto educacional brasileiro, comparando com os resultados de estudos norte-americanos.
Pesquisas na área de ensino têm apontando o Peer Instruction (PI) como o método ativo de ensino mais utilizado, aplicado em diferentes contextos educacionais e, consequentemente, sujeito a diversas modificações no seu processo de implementação. Tais modificações podem se fazer necessárias para viabilizar sua aplicação em contextos diferentes para os quais foi pensado, assim como podem descaracterizá-lo, impossibilitando que sejam alcançados os resultados de aprendizagem pretendidos. No presente artigo nos propomos a realizar um mapeamento das características práticas e teóricas do PI, buscando apresentar suas atividades e princípios de forma organizada e logicamente estruturada. Para tanto, partimos da perspectiva das Organizações Praxeológicas da Teoria Antropológica do Didático, utilizando a ferramenta analítica Organização do Método de Ensino, subdividindo a estrutura do PI em tipos de tarefa, técnicas e discursos tecnológicos. Tal análise pode contribuir com trabalhos de pesquisa e atividades de ensino que abordem o método, pois torna explícito seus componentes e aquilo que os sustenta, permitindo o estabelecimento de uma referência para avaliar modificações e adaptações no PI.
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