Este artigo aborda a prática clínica do Acompanhamento Terapêutico (AT), incorporado ao modo de atenção psicossocial em saúde mental e seus outros dispositivos. Objetiva-se discutir o processo de reabilitação psicossocial e este tipo de ação terapêutica na saúde mental, com base na clínica de AT. Para tanto, realizouse uma reflexão teórica, considerandose os paradigmas dos modos asilar e psicossocial de atenção, que referenciam as práticas de intervenção terapêutica em saúde mental. As reflexões conduzem à importância da consolidação de uma rede de atenção que possibilite perspectiva de vida aos portadores de sofrimento psíquico como um desafio a ser enfrentado que considere prioritariamente o sujeito aí implicado e seu contexto de imersão social.
"A vida cotidiana é a vida de todo homem. Ninguém consegue identificar-se com sua atividade humano-genérica a ponto de poder desligar-se inteiramente da cotidianidade. E, não há nenhum homem, por mais 'insubstancial' que seja, que viva tão-somente na cotidianidade, embora essa o absorva preponderantemente. O homem participa na vida cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, de sua personalidade. Nela, colocam-se 'em funcionamento' todos os seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, sua habilidades manipulativas, seus sentimentos, paixões, idéias, ideologias." Agnes Heller.
O Acompanhamento Terapêutico (AT) vem se constituindo em um novo dispositivo clínico que percorre os espaços comunitários possíveis, como forma de atenção psicossocial. Será discutida a relação entre a ação clínica do AT e a interdisciplinaridade em saúde, imiscuída ao campo da atenção psicossocial. O objetivo é cooperar no processo de proposições de novas práticas que tenham em vista o sujeito atendido em saúde mental, valorizada a produção de sentido das ações desenvolvidas no AT em favor das demandas subjetivas. A abordagem metodológica foi qualitativa, em que quatro (4) sujeitos foram acompanhados em estudos de casos clínicos, por um período aproximado de um ano. Considera-se que favorecer a inclusão e a reabilitação dos acompanhados no AT é compreendê-los como sujeitos do próprio tratamento, reconhecendo a totalidade desafiante da natureza humana implicada nesse contexto, em que a reflexão sobre cada caso solicita a ampliação do campo de saber das várias especialidades profissionais envolvidas.
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