Resumo: Neste momento em que uma onda conservadora avança sobre a educação e busca mecanismos para proibir, em todo o país, o debate sobre gênero e sexualidade nas escolas, este artigo se propõe a argumentar em favor da necessidade e da urgência dessa discussão, apresentando resultados de uma pesquisa de mestrado que buscou, por meio de conversas com pessoas trans 3 sobre suas vivências escolares, desnaturalizar a produção dos corpos generificados e sexualizados, questionar a produção da diferença substancializada no "diferente" e apontar praticaspolíticas curriculares que engendram preconceitos, violências, discriminações ou mesmo a negação de direitos reivindicados ou adquiridos. O texto também aponta desvios operados com os usos das normas que pretendem regular os modos de experimentar e inventar os corpos, instituindo outras possibilidades para a existência, e infere que a presença de pessoas trans nos cotidianos escolares, por si só, desestabiliza e põe em xeque a ordem social vigente no que diz respeito ao gênero e à sexualidade. Por fim, sugere que esses corpos trans, em seus trânsitos escolares, nos convidam a transpor as inúmeras fronteiras arbitrariamente e constantemente fabricadas entre pessoas, comportamentos, conhecimentos e modos de conhecer e nos impulsionam a transgredir as padronizações que despotencializam a produção e a afirmação de subjetividades não formatizadas. Pesquisa temas relacionados a gênero, sexualidade e educação com especial atenção aos estudos da travestilidade e transexualidade. E-mail: pesquisa.analeticia@gmail.com 3 Neste trabalho, optamos pela expressão trans para nos referir às pessoas nomeadas/enquadradas como "transexuais", "travestis", "transgêneros", "transhomens", "transmulheres" etc, bem como àquelas que, de alguma maneira, não estão conforme a um metro-padrão e produzem seus corpos nas fronteiras, transbordando as normas de sexo-gênero. 4 A grafia da palavra está com dois "s" propositalmente para mostrar que estamos entendendo a sexualidade, neste caso, de forma expandida ao invés de nomear ou dividir por categorias identitárias (travestis, transexuais, transgêneros etc). Sabemos que a luta identitária é legítima e funciona em alguns aspectos no âmbito das políticas públicas, entretanto gostaríamos de produzir um exercício de um pensar "outro" que nos aponte a possibilidade de podemos usar as categorias identitárias em determinados momentos a nosso favor, entretanto não podemos nos aprisionar a elas pois não dão conta da totalidade, da expansão e da diferenciação constante da vida. Palavras
O curta-metragem “Inconveniente”[1] (2015) é uma provocação que já começa pelo próprio título e, em sete minutos, nos convida a transitar pela arte, ciência, ficção e o cotidiano. Nesta encruzilhada de saberes que se misturam, rompem e criam outros modos de existência, múltiplos sentidos são atrelados a alguns aspectos do vídeo, envolvendo os saberesfazeres cotidianos que, por sua vez, vão instituindo significações e lógicas atravessadas nas questões sobre corpo, gênero e sexualidade. Entendemos que estamos imersos em uma cultura que é contaminada pelo audiovisual, onde narrativas circulam por diferentes espaçostempos produzindo agenciamentos e operando na criação de subjetividades, desejos e estéticas de existências. Neste sentido, pensando no audiovisual como um dispositivo para a produção de diferentes saberes, o objetivo deste trabalho é anunciar um corpo, uma vida e uma estética trans[2]que não quer ser apagada e nem silenciada e que para isso precisa gritar, berrar… Um corpo inconveniente que circula em diferentes lugares potencializando e afirmando a vida. Se produzindo, afetando e sendo afetado pelo mundo. Um corpo que insiste em não se enquadrar e que transita no seio das verdades instituídas.[1]Visite nossa página: https://www.facebook.com/inconveniente2015/[2]Neste trabalho, optamos pela expressão trans para nos referir às pessoas nomeadas/enquadradas como “transexuais”, “travestis”, “transgêneros”, “transhomens”, “transmulheres” etc, bem como àquelas que, de alguma maneira, não estão conforme a um metro-padrão e produzem seus corpos nas fronteiras, transbordando as normas de sexo-gênero.
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