Foram postuladas três dimensões bipolares para representar os valores organizacionais. Um instrumento composto por 36 itens foi administrado a uma amostra de 1010 empregados de uma empresa pública. Os dados foram submetidos a análise multidimensional (ALSCAL), utilizando o modelo euclidiano. As medidas de fit foram: s-stress = 0,18319, Stress = 0,15985 e RSQ = 0,88563. As três dimensões postuladas (autonomia versus conservadorismo, hierarquia versus igualitarismo e domínio versus harmonia) foram confirmadas pela disposição dos valores no espaço semântico. Os coeficientes alpha foram superiores a 0,80 com exceção do alpha para conservadorismo que foi 0,77.
A necessidade de estudar mais profundamente a relação do trabalho com os processos psíquicos tem sua origem no começo do século XX, com ampla aplicação dos princípios tayloristas criados com o objetivo de racionalizar o trabalho.Com o desenvolvimento industrial e a acentuação da divisão entre concepção e execução do trabalho, a aplicação direta destes princípios trouxe graves prejuízos à saúde físi-ca e mental dos trabalhadores, em consequência de prolongadas jornadas de trabalho, ritmo acelerado da produção, fadiga física, e sobretudo, automação, não participação no processo produtivo e parcelamento das tarefas.Estudos desenvolvidos na França por Dejours (1987) criticam o modelo taylorista e demonstram que é a organização do trabalho a responsável pelas consequências penosas ou favoráveis para o funcionamento psíquico do trabalhador.O autor afirma que podem ocorrer vivências de prazer e/ou de sofrimento no trabalho, expressas por meio de sintomas específicos relacionados ao contexto sócio-pro¬ fissional e ã própria estrutura de personalidade."A organização do trabalho exerce sobre o homem uma ação específica, cujo impacto é o aparelho psíquico. Em certas condições emerge um sofrimento que pode ser atribuído ao choque entre uma história individual, portadora de projetos, de esperanças e de desejos e uma organização do trabalho que os ignora." Dejours (1987) Wisner (1994) compartilha essas idéias, considerando que a dimensão psíquica do trabalho definida em termos de níveis de conflitos no interior da representação consciente ou inconsciente das relações entre pessoa e a organização do traba¬
Este artigo tem a intenção de refletir sobre o uso da psicodinâmica do trabalho no Brasil como teoria e método, e como tal, o papel que vem desempenhando para a compreensão das relações entre a saúde mental e o trabalho. Trata-se de uma abordagem preliminar e exploratória, que teve como base 79 artigos, dissertações, teses e outras publicações que apontam o modo como a psicodinâmica do trabalho vem sendo referenciada. Observa-se que, na grande maioria das vezes, a psicodinâmica é usada apenas como referencial teórico, sem terem sido seguidos os passos propostos no método para a investigação. Considera-se que, apesar de suas categorias teóricas serem amplamente utilizadas por pesquisadores brasileiros, ainda há um grande desconhecimento da potencialidade que oferece esse instrumento, enquanto método e possível prática, para o avanço do conhecimento neste campo de pesquisa e sua aplicação.Palavras-chave: Sofrimento psíquico, Processo de trabalho, Saúde mental, Método.Perspectives of psychodynamics of work use in Brazil: theory, method, and practice This article has the intention of contemplating about the use of the methodology of psychodynamics of work in Brazil as theory, method and practice, while a score for the understanding of the relationships between the mental health. It is treated of an exploratory approach that had as base 79 articles, dissertations, thesis, etc. where the methodology of psychodynamics of Work was used as a reference. It was observed that that methodology was used, in the great majority of the times, just as a theoretical reference, without it being following the steps proposed in the method for the investigation. It is considered that, in spite of their categories they be used thoroughly by Brazilian researchers, there is still a great ignorance of the potentiality that offers that instrument.Keywords: Mental suffering, Worker process, Mental health, Method. Introduçãoossa proposta neste texto foi a de refletir sobre o uso da psicodinâmica do trabalho no Brasil. Trata-se de uma abordagem exploratória. Ela teve como base o período de 1996 a 2009, no qual foram encontrados 79 artigos disponíveis nas bases de dados Scielo Brasil (Scientific Electronic Library Online) e PePSIC (Periódicos Eletrônicos em Psicologia), além de dissertações e teses disponíveis para consulta via internet e outros textos publicados em livros nos quais a psicodinâmica do trabalho foi utilizada como uma referência. Nossa intenção foi apresentar uma primeira revisão do que tem sido publicado no Brasil sobre o assunto, mas com o objetivo de construir uma reflexão -preliminar e exploratória -sobre o uso da psicodinâmica do trabalho enquanto abordagem teórico-metodológica de pesquisa e ação, visando ampliar e fortalecer a pesquisa e as ações no campo da saúde mental e trabalho. N O percurso da produção brasileira em psicodinâmica do trabalho teve início na década de 1980 e acompanha o desenvolvimento da própria teoria, preconizada por Christophe 141
O artigo discute as relações entre valores organizacionais e as vivências de prazer-sofrimento no trabalho. Os valores estão definidos como princípios que guiam a vida da organização e estão estruturados em três dimensões bipolares: autonomia-conservação, estrutura igualitária-hierarquia e harmonia-domínio. O prazer-sofrimento é estudado como um constructo dialético, sendo definido como vivências de sentimentos de valorização, reconhecimento e desgaste no trabalho. A pesquisa foi realizada numa empresa pública de abastecimento e saneamento com 554 empregados. Foram aplicadas escalas para medir os valores organizacionais e o prazer-sofrimento, tendo sido os dados analisados por meio de estatística descritiva e correlações bivariadas. Os resultados indicaram uma preponderância das vivências de prazer, sendo o sofrimento vivenciado moderadamente. O prazer está correlacionado com quatro pólos dos valores organizacionais: autonomia, estrutura igualitária, harmonia e domínio. O sofrimento apresenta correlação negativa com o pólo da autonomia, estrutura igualitária e domínio.
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