Crianças brasileiras estão expostas a input de concordância de número variável (NARO, 1981; SCHERRE, 1991; SCHERRE; NARO, 1998). Explora-se, neste artigo, uma possível caracterização da representação e da produção da variação morfofonológica da concordância de número no português brasileiro. Apresentam-se os resultados de um experimento de produção eliciada conduzido com crianças em idade pré-escolar de escolas pública (EscPub) e particular (EscPriv) no Rio de Janeiro com vistas a verificar a preferência das crianças por formas redundantes (plural no artigo, no nome e no verbo) e formas não-redundantes (plural apenas no artigo), e variações entre as duas formas. EscPub não apresenta preferência em relação à concordância de número interna ao DP sujeito, enquanto EscPriv prefere a forma redundante do DP. Parte-se de um modelo procedimental da aquisição da linguagem, segundo o qual a criança extrai informação gramaticalmente relevante dos padrões morfofonológicos legíveis na interface fônica (CORRÊA, 2009, 2014). Diante de input variável, sugere-se que a representação gramatical da expressão morfofonológica de número plural estaria subespecificada, sendo, portanto, sujeita a fatores de frequência e informações de uso no momento da codificação morfofonológica na produção da linguagem (ADGER, 2007; LEVELT, 1999; YANG, 2002), o que acarretaria variação.
This paper discusses the impact of schooling in the production of number agreement in Brazilian Portuguese (BP) by 6th graders in Rio de Janeiro. Number agreement in BP can vary between: (a) redundant, the standard variety or (b) non-redundant, non-standard forms. Such variation is influenced by speakers’ socioeconomic status (SES) and educational level (Naro, 1981; Scherre & Naro, 1998 among many others). Results of an elicited production experiment carried out with 6th graders suggest influence of SES/ type of school and academic performance in language production; the effects of schooling and metalinguistic awareness are discussed. An account of language production is presented by conciliating L1 and L2 models of speech production, considering the possibility of the coexistence of varieties in a single speaker to be akin to bilingualism.
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