Josué de Castro foi considerado um intérprete do Brasil e ficou conhecido pela luta no combate à fome. Para ele, a fome tinha um motivo histórico, o processo catastrófico de desenvolvimento. Neste aspecto, o autor denuncia que muitos dos problemas do subdesenvolvimento giram em torno dos problemas do colonialismo. Essa visão aproxima o autor das perspectivas da colonialidade, que entendem que o colonialismo deixou sequelas que persistem em razão da colonialidade do poder, do ser e do saber. Este artigo tem o objetivo de identificar nas obras de Josué de Castro elementos que vão ao encontro das perspectivas da colonialidade, dessa forma aproximar o autor da área de administração, especificamente dos estudos organizacionais. Como fonte de dados serão utilizadas as obras Geografia da Fome (1946) e A Estratégia do Desenvolvimento (1971). Os dados foram tratados por meio da análise de conteúdo e foram desmembrados em categorias, de forma a identificar as significações manifestas para então propor inferências que se destacam nas relações entre os constructos e as perspectivas de colonialidade. Após as análises, identificou-se que Josué de Castro era um autor decolonial avant la lettre e a sua premência de se pensar o Brasil de seu contexto e para o seu contexto, bem como devem ser pensadas as organizações e as teorias organizacionais.
RESUMO Esse ensaio discorre sobre as possibilidades que o conceito de perspectivismo ameríndio de Viveiros de Castro oferece aos Estudos Organizacionais. O "Manifesto antropófago" de Oswald de Andrade é o fio condutor de nossa investigação. O perspectivismo ameríndio sugere um deslocamento reflexivo para a posição ocupada pelo objeto de investigação que, assim, se torna o sujeito a partir do qual devemos questionar nossas próprias premissas. O que importa saber é como nosso sujeito/ex-objeto percebe nossas categorias/conceitos criadas para descrevê-lo. Para Viveiros de Castro, o deslocamento reflexivo deve ocorrer considerado-se uma equivocidade intencional. Portanto, devemos refletir sobre as consequências que nossas escolhas ontoepistemológicas terão sobre nossa pesquisa a partir do ponto de vista do Outro. Os conceitos de deslocamento reflexivo e equivocidade intencional têm muito a contribuir com a construção do Outro em EOR e com o conceito de border thinking nos estudos decolonais.
Este artigo busca contribuir com a opção decolonial para a compreensão da realidade organizacional na América Latina. O projeto Modernidade/Colonialidade/Decolonialidade (MCD) é promovido por autores latino-americanos, predominantemente de língua materna espanhola. Contudo, poucos são os autores do pensamento social brasileiro citados nos trabalhos elaborados a partir desta perspectiva. Diante disso, o objetivo do artigo é trazer a contribuição de dois autores brasileiros, o sociólogo Guerreiro Ramos e o economista Celso Furtado, que muito têm a contribuir com o projeto MCD, bem como para a melhor compreensão das organizações na América Latina. Logo, o artigo investiga, com base na perspectiva border thinking, quais as interseções das obras “A Redução Sociológica” (Ramos, 1958) e “Formação Econômica do Brasil” (Furtado, 1959); e “A Pré-Revolução Brasileira” (Furtado, 1962) e “Mito e Verdade da Revolução Brasileira” (Ramos, 1963).
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