UFT
ODILON MORAIS
PALAVRAS-CHAVE: redes de relações; etnologia jê; Brasil Central.
ABSTRACT: This article presents some initial reflections of an ongoing research on the networks of social relations (economic, identity, ceremonial, visual, political)
Este artigo apresenta algumas redes de relações imagéticas e rituais existentes entre aldeias mebêngôkre, continuando o trabalho de descrição e análise da produção cultural (e ritual) contemporânea desse povo indígena habitante da Floresta Amazônica e falante de uma língua Jê. Parte-se dos resultados obtidos em pesquisas já publicadas sobre a intricada relação entre a produção de vídeos e a produção ritual. Considerando que as tecnologias de reprodução de imagens foram apropriadas pelos Mebêngôkre há mais de três décadas, busca-se expor não apenas as características específicas dos circuitos imagéticos contemporâneos, mas também as especificidades do produto visual de maior circulação nessa vasta rede: as filmagens rituais. O objetivo deste trabalho é, portanto, duplo: demonstrar a importância da circulação de imagens entre as diferentes aldeias mebêngôkre e responder a pergunta sobre o porquê de serem as filmagens rituais os principais artefatos imagéticos que circulam nessa rede. Ao fim, propõe-se a ideia de uma ética transgeracional mebêngôkre presente na produção e circulação das filmagens rituais.
Partindo dos conceitos de armadilhas, quimeras e caminhos propostos respectivamente por Alfred Gell, Carlo Severi e Els Lagrou, o presente ensaio bibliográfico apresenta as características, semelhanças e especificidades de três abordagens da arte na antropologia contemporânea. Um dos focos do trabalho recai sobre as rupturas que essas abordagens realizam em relação a análise simbólica que por muito tempo dominou os estudos antropológicos sobre arte. Rompendo com o entendimento da arte enquanto linguagem simbólica, os estudos analisados enfatizam, cada um a sua maneira, a ação cognitiva da arte em contextos nativos, privilegiando categorias como agência, eficácia, contra-intuitividade e presentificação. Na última parte, mostro como essas categorias são aplicadas à arte ameríndia através do trabalho de Els Lagrou sobre a arte kaxinawa.
A produção audiovisual indígena atinge, nesse início de século, um momento de consolidação que está relacionado a um crescente interesse (geral e indígena) acerca das ideias de cultura e imagem. O caso tratado aqui guarda uma peculiaridade histórica na medida em que o uso do vídeo pelos Kayapó data do final da década de 1980. O artigo discute a relação entre a prática de vídeo e o regime sócio-cosmológico desse grupo, no âmbito do contato interétnico, destacando a importância da relação entre o corpo e a câmera. Recorremos ao juízo estético mebêngôkre sobre a imagem filmada para demonstrar a impossibilidade de produção de uma imagem “bela” (mejx).
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