O artigo resulta de uma pesquisa etnográfica realizada entre os povos Timbira, tratando de categorias de cantos tal como classificados por esses povos. Apresentaremos aqui as formas dos vários povos Timbira classificar os cantos. Os Ràmkôkamẽkra/Canela e os Apỹnjekra/Canela os classificam em: comuns e pequenos, que são cantos de outros povos utilizados para brincar no pátio; os cantos comuns, que são aqueles alegres e bonitos, que são organizados e sistemáticos, porém não são especiais; e os cantos principais, belos, verdadeiros, que são especiais e organizados sistematicamente. Os Krahô dividem os cantos de pátio em: cantos para divertir, cantos sérios e cantos verdadeiros. Já os Apinaje classificam os cantos de pátio dividindo-os entre cantos de diversão aleatoriamente executados e cantos sérios e sistematicamente organizados e executados. Entre os Krĩkati e Pyhcop caitiji/Gavião os cantos são divididos em duas classes: os de diversão do início da noite e os cantos sérios, executados durante a madrugada. Argumentamos que, a despeito das variações linguísticas entre os Timbira, os cantos são executados em um único idioma musical, havendo variações musicais performáticas que dão especificidades quer a cantores, quer a povos distintos. Além disso, é preciso pensar em uma rede entre os Timbira para entender seu universo musical e para compreender o processo de formação dos novos cantores que precisam conhecer esse universo, o idioma musical, a rede e as performances. Para ampliar o nosso diálogo etnográfico, estabelecemos comparações com outros sistemas, como o do Xingu e do Alto Rio Negro.