Experiência exclusivamente delas, a maternidade, assentada nos pilares do patriarcado, constitui-se como uma das ferramentas para o cerceamento das identidades femininas na medida em que funciona, entre outras frentes, como mecanismo regulatório de ação no espaço público. Insurgem-se daí questões fundamentais sobre o direito feminino de arbitrar o próprio corpo e da relação entre mães e filhos/as. Na esteira deste pensamento, e considerando que o meio literário se constitui como espaço para (re)significar comportamentos e posições, o presente artigo pretende apresentar uma leitura interpretativa do romance Com armas sonolentas (2018), de Carola Saavedra, com o objetivo de problematizar a representação da maternidade e seus desdobramentos no âmbito literário. Direcionamos a atenção, em nossa leitura, para a personagem Anna Marianni porquanto seu comportamento mostra-se combativo aos ideais sociais que enxergam a maternidade como único destino de toda mulher, ao mesmo tempo em que impelem aquelas que optam por uma vida sem filhos/as à condição deficitária nos quesitos de feminilidade e amor. Para tanto, embasamos nossas discussões em autores/as como Badinter (1985, 2011), Beauvoir (2016a; 2016b), Donah (2017), Iaconelli (2015), entre outros/as.
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