Resumo: O objetivo deste trabalho foi investigar se a Folha de S. Paulo, durante as edições dos Jogos Paralímpicos de 1992 a 2012, reproduziu narrativas apontadas pela literatura como inapropriadas e/ou estigmatizantes para se referir a atletas paralímpicos. Em uma pesquisa de cunho qualitativo e caráter descritivo, mapeamos o conteúdo das notícias para identificar passagens que estivessem relacionadas com as seguintes características: supercrip; trivialização; infantilização; vitimização. A cobertura midiática da Folha, em parte, "vitimizou" os atletas ao enfatizar fatos tristes da vida deles associados às deficiências. Também reproduziu as narrativas do supercrip, nas quais as notícias, ou parte delas, enfocaram histórias de superação de barreiras relacionadas com as deficiências dos atletas em detrimento da valorização de seus feitos esportivos. A Folha também noticiou fatos triviais sobre a vida dos atletas, como relacionamentos afetivos, questões familiares e financeiras. Houve poucos casos de "infantilização" dos atletas, contrariando achados de pesquisas internacionais.Abstract: This study investigates whether the Brazilian newspaper Folha de S. Paulo, during the editions of the Paralympic Games from 1992 to 2012, reproduced narratives pointed out by literature as inappropriate and/or stigmatizing when referring to the Paralympic athletes. Using a qualitative and descriptive approach, we have mapped the news to identify excerpts related to the following characteristics: supercrip; trivialization; infantilization; victimization. The coverage partly "victimized" athletes by emphasizing sad facts of their lives associated with their disabilities. It also reproduced supercrip narratives in which news or part of them focused on stories about overcoming barriers by athletes related to their disabilities rather than underscoring their sporting achievements. The newspaper also reported trivial facts about athletes' lives such as romantic relationships, family and financial issues. There were a few cases of "infantilization", which contradicted international research findings.Resumen: El objetivo del estudio fue investigar si el diario Folha de S. Paulo, durante las ediciones de los Juegos Paralímpicos de 1992 a 2012, reprodujo narrativas señaladas por la literatura como no apropiadas y/o estigmatizantes para referirse a atletas paralímpicos. En una investigación cualitativa y descriptiva hemos mapeado el contenido de las noticias para identificar trechos con las siguientes características: super-crip (pobrecitos-superhéroes); trivialización; infantilización; victimización. La cobertura de la Folha de São Paulo, hasta cierto punto, "victimizó" a los atletas, haciendo hincapié en hechos tristes de sus vidas asociados a las discapacidades. También reprodujo las narrativas del super-crip, donde las noticias, o una parte de ellas, se centraron en historias de superación de barreras relacionadas con las deficiencias de los atletas, en vez de valorar sus logros deportivos. La Folha de São Paulo también informó sobre hec...
Este trabalho teve como objetivo analisar características da cobertura dos Jogos Paralímpicos de Londres/2012 no portal de notícias globoesporte.com, tendo como foco as seguintes características/categorias apontadas pela literatura como problemáticas e recorrentes na mídia: (1) vitimização/supercrip – quando as notícias enfatizam histórias de tragédias e dificuldades relacionadas com as deficiências e de superação das mesmas por parte dos atletas, tratando-os como super-heróis; (2) infantilização – quando as notícias tratam os desportistas como se fossem crianças; e (3) trivialização – quando as narrativas e ilustrações se centram em situações não esportivas. As categorias vitimização/supercrip e infantilização são problemáticas, pois tendem a reproduzir estigmas relacionados às pessoas com deficiência. Já narrativas que enfocam informações triviais não relacionadas ao esporte desperdiçam o pouco espaço que o esporte paralímpico ocupa na mídia para a promoção de uma cultura mais qualificada acerca do esporte paraolímpico. A pesquisa foi de cunho quanti-qualitativo e exploratório e teve como fonte o portal globoesporte.com. Encontramos 254 notícias tratando diretamente das Paralimpíadas de Londres/2012 e que foram publicadas durante a realização dos Jogos. Destas, 39 se encaixaram na categoria vitimização/supercrip. Sete matérias supostamente se enquadrariam no que a literatura internacional chamaria de “infantilização”. Verificamos, no entanto, que a intenção de nenhuma das notícias foi a de tratar os atletas como crianças. Localizamos 20 matérias que enfocaram em primeiro plano assuntos tais como a aparência, vida pessoal e profissão dos atletas, e não os feitos esportivos dos mesmos. Embora o número de notícias categorizadas não tenha sido quantitativamente significativa quando comparada com o número total de matérias publicadas, percebe-se a necessidade de uma maior qualificação da mídia esportiva para tratar do esporte paralímpico e dos atletas paralímpicos, enfocando menos nas suas deficiências e dificuldades e mais em suas habilidades e capacidades esportivas.
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