O presente artigo investiga o pensamento de Francisco Weffort por meio da reconstrução da coletânea O populismo na política brasileira, publicada em 1978, mas composta por textos do período 1963-1971. Usando recursos filológicos, o trabalho discute os escritos do autor reunidos para publicação do livro, contextualizando-os e comparando suas diferentes versões. Por meio da reconstrução dos momentos de escrita do autor, caracteriza os ambientes intelectuais e políticos no qual este se insere, bem como suas diferentes reflexões a respeito do populismo. Explora, em seguida, os escritos do período 1972-1978 sobre o tema, mas não inseridos na coletânea estudada. O artigo propõe que: a) na coletânea de 1978 estão presentes ao menos dois sentidos do conceito de populismo, anteriores a 1971; b) consequentemente, a coletânea O populismo na política brasileira não contempla uma definição homogênea ou finalizada do conceito, já que exclui o conceito de sindicalismo populista com o qual Weffort trabalhou ao longo de toda a década de 1970. Por fim, conclui que, para uma crítica rigorosa do conceito de populismo em Weffort, é importante levar em conta uma leitura cronologicamente rigorosa da coletânea, bem como dos textos deste período deixados de fora da mesma.
Resumo Este artigo aborda as relações entre o marxismo de matriz comunista e o nacionalismo popular em dois contextos: o Brasil, entre as décadas de 1950 e 1960, e o Peru, entre 1920 e 1930. Parto da hipótese de que foram essas duas correntes ideológicas concorrentes que, no período que vai do final dos anos 1920 até a Revolução Cubana, plasmaram o universo ideológico das esquerdas latino-americanas. Procurarei demonstrar como a relação entre comunistas e nacionalistas seguiu padrões opostos nos dois casos: do conflito à aliança, no contexto brasileiro, e de uma origem comum ao antagonismo, no peruano. Explicarei esses padrões divergentes, tanto pelas diferenças entre os contextos nacionais, como pelo distinto contexto internacional, em particular no que se refere ao movimento comunista. Com essa pesquisa comparada, procuro submeter à crítica as formulações da chamada “teoria do populismo”, que procurou explicar a derrota da esquerda brasileira em 1964 pela convergência entre comunistas e nacionalistas.
O objetivo deste artigo é o de retomar a comparação entre as obras do historiador brasileiro Caio Prado Jr. e do jornalista e militante peruano José Carlos Mariátegui, em torno de suas concepções da revolução, seus atores e programa. Partindo da constatação de que a história do marxismo latino-americano deve levar em conta a diversidade regional do continente, procurarei mostrar como ambos autores pensaram a relação entre a nação e a revolução, em função de seus diferentes contextos locais. Para tanto, as obras de Caio Prado e Mariátegui serão retomadas por meio das controvérsias políticas nas quais se envolveram, tendo por objeto a estratégia revolucionária.
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