Propõe-se articular a crítica de Foucault ao que este chamou de "medicalização autoritária de corpos e doenças" ao conceito de Espinosa de aumento da potência de agir, tendo como horizonte uma reflexão sobre a questão da autonomia dos indivíduos. Para isso, desenvolve-se uma reflexão crítica e genealógica sobre a concepção de saúde e de cura presentes na prática médica atual, assim como sobre o poder médico e a concepção mecanicista e cientificista do corpo e da enfermidade a ele atrelada. A esta concepção contrapõe-se uma noção canguilhemiana de saúde ligada à normatividade e de cura ligada à reabilitação. A partir destes deslocamentos, repensam-se as práticas médicas atuais, assim como as concepções de promoção da saúde e de prevenção.
After a brief review of the relations between philosophy and health, this paper proposes two complementary philosophical methods to be used by Public Health: the philosophical genealogy method and the philosophical-conceptual method. The first method (deconstructive) allows us to denaturalize ideas to which a truth value has customarily been ascribed. The second (constructive) promotes new concepts whose value does not depend on the notion of truth. Both serve the purpose of reflection on concepts used by health policy and practice.
Resumo: Segundo a tradicional concepção jurídica da soberania construída na modernidade, o Estado detém a exclusividade na produção do direito dentro de seu território. Na pós-modernidade, porém, a formulação do direito é permeada por múltiplos sujeitos, para além do Estado, provenientes de um corpo social bastante complexo e heterogêneo. A partir da análise do conceito de soberania estatal, procura-se demonstrar que a exclusividade normativa do Estado não persiste na atualidade e que a soberania atual é composta por novos paradigmas e novos sujeitos provenientes da sociedade civil. Palavras-chave: Estado; Soberania estatal; Modernidade; Pós-modernidade; Novos sujeitos. POSTMODERNITY AND STATE SOVEREIGNTY: NEW PARADIGMS AND NEW SUBJECTS Abstract: According to the traditional legal concept of sovereignty built in the modernity, the State has the exclusive right to produce the law within its territory. In the postmodernity, however, the formulation of law is permeated by multiple subjects, beyond the State, coming from a very complex and heterogeneous social body. From the analysis of the concept of state sovereignty, it's tried to demonstrate that the normative exclusivity of the State doesn't persist in the present days and that the current sovereignty is composed of new paradigms and new subjects from civil society. Introdução O presente artigo analisa a soberania na pós-modernidade sob a perspectiva da Teoria do Estado, que, em grande medida, permanece entrecortada por postulados construídos na 1 Doutora em Direito pela Universidade de São Paulo-USP (Brasil) e Pós-doutoranda na mesma instituição. Visiting Research Student na Universidade de Durham (Reino Unido).
O artigo examina a construção de conceitos na área da saúde e sua utilização como um instrumento metodológico na dissolução de dicotomias limitantes como a de corpo/mente. O trabalho parte de uma perspectiva da filosofia em busca de uma aproximação com a realidade complexa da saúde coletiva, aplicada à problemática da obesidade. Discute a superação de oposições como a do "comer porque quero e não comer porque engorda" numa compreensão ética dos conflitos alimentares e agravos nutricionais, de modo a articular teoria e prática na contemporaneidade. Foram elaboradas, como exercício de conceituação, duas definições de obesidade. Uma levando em conta a capacidade singular de as pessoas estarem ativas e potentes na vida, e outra considerando os padrões atuais de normalidade para os corpos. Concluímos descrevendo algumas possibilidades de utilização desse recurso na área de alimentação e saúde de forma que o ser humano não seja reduzido a uma metade, seja ela corpo ou alma, mas que seja compreendido em sua integralidade.
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